26/06/2001 - 7:00
A última visita ao Brasil de Ed McVaney, presidente mundial e um dos fundadores da JD Edwards, foi decepcionante ? para ele, que fique bem claro. O comandante da empresa americana de software de gestão encontrou, em 1999, tudo o que qualquer um só gostaria de ver no concorrente: anos seguidos de prejuízo, uma equipe desarticulada de profissionais e um modesto 9º lugar no ranking do mercado. ?Não estou nem um pouco feliz com a posição da empresa e não vim aqui para fazer elogios?, disse na época. Pouco antes, para completar o calvário, um dos executivos daqui foi demitido sob suspeita de fraude.
Quem viu McVaney no mês passado durante o Focus, evento anual da companhia que reúne clientes do mundo inteiro em Denver, no Colorado, não o reconheceu. Esbanjava simpatia e distribuía elogios ao escritório brasileiro. Motivo para tanto bom humor? A companhia teve, em 2000, o primeiro ano de lucro no Brasil. O faturamento saltou mais de 150% e fechou o ano passado em US$ 36 milhões. Saiu da nona posição no mercado nacional para a terceira, só perdendo para SAP e Oracle. Conseguiu vencer concorrências milionárias, como a dos Correios e da Gafisa (um contrato de mais de US$ 2 milhões). Ou seja, os brasileiros viraram o jogo. Na verdade, a JD Edwards só começou a acertar por aqui quando percebeu que vinha cometendo um grande erro. ?Por muito tempo, mantivemos o controle na mão de executivos americanos?, diz David Packer, vice-presidente para América Latina. ?Isso não funciona no Brasil nem em nenhum outro país.? Desde maio do ano passado, quem manda no escritório em São Paulo é Raphael Galiano Neto. O ex-executivo da IBM não é o primeiro brasileiro a assumir o controle da filial, mas o primeiro a ter cartas brancas. ?Temos um bom produto e um grande mercado, só faltava investir nas pessoas da equipe?, resume Galiano. Houve uma reformulação total do quadro de funcionários. Não sobrou quase ninguém dos 60 profissionais que trabalhavam em 1999. Adicione-se aí uma boa dose de entusiasmo à brasileira ? com festas e abertura de champanhe por ocasião do fechamento de contratos ? e a subsidiária se transformou na menina dos olhos da corporação. ?Hoje, o escritório brasileiro está entre os nossos mais importantes?, festeja o próprio McVaney.