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É fato que o cinema é uma excelente mídia para o lançamento de produtos mais variados. Mas poucas produções se tornaram uma verdadeira vitrine de artigos chiques e glamourosos como a franquia Sex and the City ? cujo segundo filme teve estreia mundial na sexta-feira 28. 
 

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Desfile no deserto: como ocorreu na primeira versão, o filme segue exibindo marcas,
como Möet & Chandon, Rolex, Christian Louboutin, Apple, Maybach e Valentino

A película, que tem produção de Darren Star e direção de Michael Patrick King, traz novamente as personagens Carrie (Sarah Jessica Parker), Samantha (Kim Cattrall), Charlote (Kristin Davis) e Miranda (Cynthia Nixon) às voltas com problemas familiares, amorosos e profissionais. As locações variam de Nova York a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

Na maior parte do longa, as personagens são vistas em cenários deslumbrantes e usando figurinos exuberantes, grifados da cabeça aos pés. E como aconteceu no primeiro filme, de 2008, as grifes são as coestrelas, em aparições constantes e, quase sempre, bem engajadas na trama. São elas Mercedes-Benz, Christian Louboutin, Apple, HP, Möet & Chandon, Rolex, Valentino, Louis Vuitton, Bulgari, Maybach, Dior, e Swarovski, entre mais de 14 marcas.

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Destaque na telona: acima, o notebook da HP que a personagem Carrie usa no longa.

Sex and the City 2 é fruto da série exibida de 1998 a 2004 pelo canal de tevê a cabo HBO. A série, por sua vez, foi originada do livro homônimo escrito pela americana Candace Bushnell. Sex and the City ? O Filme, que marcou o início da franquia para o cinema, teve orçamento de US$ 65 milhões e arrecadação de quase US$ 416 milhões.

Somente no Brasil, o filme foi assistido por 750 mil pessoas, que, na época, já puderam ver na telona um desfile de marcas como Cuisinart, Chanel, Starbucks, Sprint, Prada, Manolo Blahnik, Gucci, Tiffany e Vivienne Westwood. Sua continuação teve o orçamento inflado para R$ 95 milhões ? sendo que US$ 10 milhões foram investidos somente nos figurinos. ?A marca ?Sex and the City? é muito forte porque cria uma identificação direta com a mulher independente e consumidora?, aponta Alberto Serrentino, sócio-sênior da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza.

Para algumas empresas, como a HP, participar de Sex and The City 2 foi consequência natural de uma estratégia de marketing mais ampla. ?Nosso público-alvo atualmente se divide em dois grupos: o de jovens e o de fashionistas ? pessoas que têm estilo e gostam de exibir seus equipamentos?, diz Renata Gaspar, diretora de marketing de computadores pessoais da HP.
 

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Destaque na telona: o conversível da Mercedes dirigido por seu marido, John (Chris Noth)

Por isso, a ação de ?product placements?, o que no jargão cinematográfico quer dizer a colocação de produtos em cena, fez todo o sentido. No filme, a personagem Carrie, que é escritora, escreve seus artigos num computador Vivienne Tam 2, da HP. A empresa, desta forma, desbancou a Apple, marca do notebook que a personagem usava no primeiro filme da franquia ? bem como durante a série de tevê. ?Já provamos que sabemos fazer computadores com tecnologia de ponta. Agora, queremos mostrar que podemos agradar os gostos mais exigentes”, diz Renata.

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Luxo nos pés: este sapato Christian Louboutin surge na primeira cena da película

A Möet & Chandon também se valeu do glamour da história das amigas nova-iorquinas e descoladas para divulgar seu champanhe. No filme, as amigas tomam a bebida numa festa de casamento, a bordo do avião e até no deserto. Fora das telas, a ação de marketing continua: a empresa criou quatro diferentes coquetéis com champanhe com os nomes das personagens que serão servidos nos bares mais badalados do mundo, inclusive em São Paulo, enquanto o filme estiver em cartaz.
 

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Vestindo a camisa: uma das mais luxuosas do mundo, a grife Dior foi a escolhida para a cena no mercado de Abu Dhabi

De acordo com Sergio Degese, diretor-geral da Möet & Chandon, no Brasil, a empresa não divulga quanto investe em ações desse tipo ? mas afirma que ela consumiu cerca de 20% da verba anual de marketing da companhia. ?Temos uma ligação histórica com o cinema?, diz Degese. ?Além disso, fazemos uma bebida requintada, o que tem tudo a ver com o ?life style? mostrado no filme.?
 

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Décor requintado: os cenários e o figurino foram feitos para deslumbrar, graças ao excesso de brilhos e de cores
 

Para o sociólogo Dario Caldas, diretor do Observatório de Sinais, consultoria especializada em pesquisas de tendências, a franquia Sex and The City é uma vitrine poderosa, desde que surgiu na tevê. ?Seu sucesso vem justamente por representar tão bem a cultura hedonista em que vivemos pelo aspecto do humor, da diversão, do erotismo e da frivolidade?, diz Caldas. De acordo com o sociólogo, as histórias trazidas pela série e pelos filmes correspondem ao espírito do tempo atual. ?Eles trazem a esfera do real mesclada à esfera do sonho e de desejo.? Desta forma, atiça o interesse, incita ao consumo.

 

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