14/12/2005 - 8:00
Se Hollywood tem um poder sobrenatural, é o de ressuscitar lendas. King Kong, uma das produções cinematográficas mais celebradas da história, originalmente filmado em 1933 e regravado em 1976, é a prova concreta dessa força. No próximo dia 14 de dezembro, nos Estados Unidos, e no dia 16, uma sexta-feira no Brasil, a terceira reencarnação do gigantesco macaco, habitante da Ilha da Caveira, retorna pelas mãos da Universal Studios e do diretor neozelandês Peter Jackson, o consagrado cineasta que dirigiu a trilogia de O Senhor dos Anéis. Para trazer nova vida a King Kong, Jackson usou de uma fórmula quase infalível no mundo da Sétima Arte: criatividade, tecnologia e, o mais decisivo, uma verba de US$ 207 milhões, dos quais US$ 20 milhões para o bolso do próprio Jackson.
O novo filme de King Kong, prevê-se, levará uma multidão aos cinemas em todo o mundo. Promete reproduzir fenômenos como Harry Potter, Homem Aranha e outras aventuras que fazem sucesso com o público infanto-juvenil. Só no Brasil, a previsão é a de que mais de cinco milhões de pessoas assistam o longa-metragem com uma duração de pouco mais de três horas. ?Preparamos a maior campanha de marketing do ano?, diz César Silva, gerente geral da United International Pictures, a UIP, distribuidora da película no País. Foram montadas propagandas de televisão, mídia impressa e outdors. A aposta em King Kong é tão alta que a UIP trará 550 cópias do filme para reproduzi-las em 650 salas de cinema. Trata-se de um número bem superior ao da animação Shrek 2, que detinha o recorde da distribuidora com 450 cópias e um público de 4,7 milhões de espectadores. São números, como o protagonista, vigorosos.
King Kong, com 7,6 metros e 3,6 toneladas, já mostra a sua força. Ganhará mais poder na medida que fizer sucesso com o público. Antes mesmo de ser lançado, o nome da produção já é visto em jogos de videogame, chocolates, sanduíches, brinquedos, roupas, materiais escolares, telas de celular e outras dezenas de objetos. É, de certa forma, um motor propulsor que puxará as vendas neste fim de ano. ?A marca King Kong tem um poder de sobrevida muito grande?, diz Pyr Marcondes, sócio diretor da Superbrands, consultoria especializada em avaliação e gestão de marcas.
A Exim-Character, a companhia que detém os direitos de licenciamento no Brasil, tem acumulado ganhos com o nome do super macaco. A empresa já vendeu os direitos para a rede de fast food Burger King, para a fabricante de brinquedos Gulliver, para a marca de materiais escolares Jandaia e para a produtora de mochilas Sestini. ?Estamos negociando com grandes redes de varejo a criação de uma área com produtos King Kong nos pontos de venda?, diz Celso Rafael, diretor geral da Exim-Character. Cabe salientar que a companhia ganha entre 5% a 12% de royalties sobre as vendas líquidas de cada produto licenciado. A Gulliver, por exemplo, espera faturar R$ 2 milhões com os artigos do gorilão. ?Entre jogos, bonecos e quebra-cabeças, teremos 80 mil unidades?, diz Paulo Benzatti, gerente nacional de vendas da Gulliver.
O mercado de videogames também promete esquentar. A Eletronic Arts distribuirá uma versão para computadores, no mesmo dia do lançamento do filme, a um custo de R$ 99 a unidade. Até os efeitos especiais do jogo, desenvolvido pela Ubisoft, têm o dedo do diretor Peter Jackson.
A produção é um mito na área de tecnologia visual e uma receita de sucesso desde a sua primeira edição em 1933. Na época, os diretores conseguiram pôr King Kong no topo do Empire State Building, o prédio mais altos do mundo naquele tempo. Lucrou US$ 1,75 milhão. Em 1976, a nova versão colorida deu mais realidade ao mostrar a bela Jessica Lange nas mãos do símio. A bilheteria alcançou US$ 52,6 milhões nos EUA. Agora, Peter Jackson recriou a Nova York da década de 30 com a ajuda da tecnologia tridimensional que reproduziu 90 mil prédios. Resultado: um filme de tirar o fôlego e uma máquina de fazer dinheiro.