A maior empresa mundial do ramo de cervejas, a belga-brasileira AB Inbev, fez uma oferta para comprar a número dois do setor, a britânica SABMiller, de acordo com informações reveladas nesta quarta-feira e que provocaram uma forte alta das ações das duas empresas.

O Conselho de Administração da SABMiller anunciou em Londres que a Anheuser-Busch InBev informou a “intenção de fazer uma oferta de aquisição”.

A Inbev, contudo, não fez até o momento uma proposta formal e o conselho de administração da SABMiller não recebeu qualquer detalhe sobre a proposta, informou o grupo com ações em Londres e Joanesburgo.

Acrescentou que seu conselho de administração considerará a possível proposta assim que ela for apresentada, comunicando em seguida sua decisão.

A AB InBev, que controla as marcas Budweiser e Corona, entre muitas outras, confirmou em Bruxelas ter “entrado em contato com o Conselho de Administração da SABMiller com vistas a uma fusão das duas empresas”, mas destacou que “não é possível existir nenhuma certeza se estes contatos resultarão em uma oferta ou um acordo”.

AB InBev comercializa a marca americana Budweiser, a mexicana Corona e a belga Stella Artois, enquanto que SABMiller controla a tcheca Pilsner Urquell, a italiana Peroni, a americana Miller e a holandesa Grolsch. São respectivamente a número um e dois do setor, diante da holandesa Heineken e da dinamarquesa Carlsberg. Sua fusão resultaria no nascimento de um gigante do setor.

Em virtude da lei financeira britânica, a AB InBev tem até 14 de outubro às 17H00 (hora de Londres) para fazer uma oferta, um prazo que pode, no entanto, ser estendido.

O anúncio disparou o valor das ações dos dois grupos.

Na Bolsa de Londres, os títulos da SABMiller fecharam em alta de 19,89%. Na de Bruxelas, os papéis da AB InBev subiram 6,41%.

Antes do anúncio, a AB InBev tinha aproximadamente 152 bilhões de euros de capitalização bursátil, e a SABMiller cerca de 66,5 bilhões. O grupo resultante da fusão passaria dos 218 bilhões de euros na Bolsa.

A fusão dos dois grupos é objeto há algum tempo de especulações recorrentes nos mercados, mas é a primeira vez que as próprias firmas oficializam discutir o possível negócio.

“Tudo indica que é o momento propício para essa operação, mas há poucos detalhes, de modo que no momento é impossível especular sobre números imponderáveis”, analisa Eamonn Ferry, da Exane BNP Paribas.

Algumas das muitas incógnitas são o preço dessa fusão, mas também quais são as marcas que os dois gigantes teriam que descartar para satisfazer às autoridades que regulam a concorrência de mercado.

Esses planos de fusão acontece em um meio a uma queda na ingestão de álcool e que os consumidores preferem cada vez mais as cervejas artesanais, sobretudo nos países ocidentais, mas também em certa medida nos países emergentes.

“Além do aspecto financeiro, essa proposta de compra gigante não responde às perguntas feitas pelas mudanças no consumo das novas gerações”, adverte Spiros Malandrakis, especialista do mercado de álcool da Euromonitor International.

Entre as razões que explicam que os consumidores optem cada vez mais pelas cervejas artesanais, Malandrakis cita “o sabor, o desejo de posicionar-se de maneira diferente, certa desconfiança em relação a grandes empresas, a vontade de apoiar a economia local e saber de onde vêm os ingredientes da cerveja”.

De maneira geral, uma cerveja artesanal se caracteriza por sua pequena produção e por 25% de seu capital pertencer a um grupo grande.

As cervejas artesanais representam entre 5 e 9% do consumo e das vendas estão aumentando em mais de 10% anual no mercado britânico e americano, considerados pelos especialistas como a vanguarda das evoluções do setor.