28/07/2020 - 16:02
Rio, 28 – A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) saiu em defesa da empresa de carnes JBS, que teve o nome retirado da lista de investimentos do fundo Nordea Asset Management, com sede na Finlândia. Ao comentar a exclusão, Marcello Brito, presidente da entidade, argumentou que é preciso ter cuidado para que “quem faz um grande trabalho” não seja penalizado.
“Se identificaram algum problema na cadeia da JBS, tenho certeza que a JBS está resolvendo o assunto, porque ela hoje tem um dos maiores sistemas de rastreamento de carne do mundo”, afirmou em coletiva de imprensa para tratar do encontro de um grupo de executivos da iniciativa privada com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Na pauta estava o tema da sustentabilidade, com destaque para o desmatamento ilegal da Amazônia.
A decisão do Nordea foi tomada após questionamentos sobre a atuação da empresa nas áreas ambiental, social e de governança corporativa, como noticiou o Broadcast nesta terça-feira. As principais preocupações são quanto ao risco de desmatamento na cadeia de suprimento da JBS, a forma como a empresa lida com acusações de corrupção e também com as medidas de segurança dos trabalhadores adotadas durante a pandemia de covid-19.
Britto argumenta, porém, que a rastreabilidade do gado em áreas críticas da Amazônia, uma das ferramentas usadas para coibir o desmatamento ilegal, ainda é passível de erro e que somente será completamente eficaz quando todos os agentes da cadeia forem envolvidos.
“A sustentabilidade do agro está muito bem controlada. A grande maioria da produção agrícola brasileira é feita em conformidade com as leis. A situação do Brasil está muito melhor do que a de outros países na mesma situação de desenvolvimento”, disse ele.
Já a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), Marina Grossi, destacou que o tema da rastreabilidade foi levado ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, em encontro com um grupo de empresários no início deste mês.
Ao falar da exclusão da JBS pelo fundo de investimento europeu, o presidente da Abag ainda citou problemas em sustentabilidade em outro setor industrial, o de energia. “Eu ficaria feliz se todos grandes fundos desinvestissem de tudo que fosse de energia fóssil no mundo, o que seria uma sinalização realmente de que há um movimento sustentável nos investimentos. Mas não é isso que acontece na maioria”, afirmou.