Seu filho pede dinheiro toda semana, não resiste àquele brinquedinho eletrônico de última geração e acha que poupar é responsabilidade sua? Pode ter chegado a hora de ensinar a ele o ABC do planejamento financeiro. Se o que faltava era material didático, não há mais desculpas para adiar a primeira lição. A Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) acaba de lançar a cartilha Como investir? Guia de Estudantes. Em linguagem jovem e recheada de ilustrações, o livreto apresenta as regras e noções básicas para administrar recursos por conta própria e obter, por meio de aplicações financeiras, retornos compatíveis com as necessidades de cada um. ?É importante que a educação financeira comece cedo. Este é o caminho mais seguro para realizar sonhos no futuro?, ensina Ricardo Nardini, gerente-executivo de Educação da Anbid.

Começar a poupar significa, antes de tudo, aprender a fazer escolhas e, em última instância, pôr um freio no consumismo. Daí a abundância, na cartilha, de frases de estímulo do tipo ?Não lamente o que você está deixando de comprar hoje, mas sim pense no que este investimento vai lhe proporcionar no futuro?. Reduzido o ímpeto consumista, a próxima questão é: investir quanto? Não existe um número mágico. O importante é que, independentemente da quantia reservada, o jovem tenha disciplina para manter as aplicações. O estudante de administração Victor Berto, 17 anos, por exemplo, destina em média 20% da renda obtida com seu site de automobilismo para a caderneta de poupança. ?Não dá para ficar com o dinheiro parado, né??, diz Berto, que mantém o investimento há três anos. ?Se surgir alguma emergência, não preciso recorrer aos meus pais.? Poupar por poupar, no entanto, não é uma atitude comum entre os jovens. ?O jovem precisa de uma motivação para investir, pois ele está abrindo mão de gastar hoje para ter, lá na frente, algum benefício?, observa Ricardo Rocha, professor de Finanças da Universidade de São Paulo, do Ibmec e autor do livro Esticando a mesada ? Guia prático para adolescentes.

Planejamento: Metas para investir, como uma viagem ao Exterior ou uma pós-graduação, ajudam os jovens a fugir da armadilha do endividamento.

Os cinco últimos capítulos da cartilha da Anbid são dedicados, justamente, a destrinchar os diversos tipos de investimento disponíveis no mercado, os conceitos de risco e retorno, a importância de se diversificar as aplicações e a tributação que incide sobre os fundos de investimento. A cartilha não alerta, porém, para a existência de taxas de administração, cobradas pelos bancos na gestão dos fundos de investimento. Com um mínimo de R$ 100 é possível aplicar, hoje, em fundos DI, cujas carteiras são compostas por títulos públicos e têm liquidez imediata. Mas as tarifas praticadas pelo mercado, em torno de 4% ao mês para esse tipo de produto, dissipa boa parte da rentabilidade. Por isso, se o dinheiro não é suficiente para ingressar em um fundo com uma taxa de administração mais razoável, pode ser melhor optar pela velha caderneta de poupança. O retorno fica próximo ao oferecido por esses fundos e o investidor ainda conta com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito, que assegura a devolução de depósitos de até R$ 20 mil em caso de quebra da instituição.

Fazer escolhas: Desafio do investidor novato é frear o consumismo e aprender onde aplicar.

A tiragem inicial da cartilha, de 4 mil exemplares, será distribuída em eventos organizados pela Anbid, especialmente em universidades. Os bancos também poderão imprimir cópias para seus clientes. E é possível ter acesso ao conteúdo da publicação no endereço eletrônico www.comoinvestir.com.br.