Uma eventual aplicação de medida antidumping contra empresas chinesas para a importação de folhas metálicas eleva o risco inflacionário sobre a cadeia consumidora e pressiona os custos para as fabricantes de embalagens de aço, afirmou a presidente da Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço), Thais Fagury.

Considerando dados da Associação Brasileira de Alimentos (ABIA), uma ação antidumping contra fabricantes chineses de folhas metálicas poderia representar um impacto médio nos custos de produção de alimentos de 10,2% e de 6,7% nos preços finais à população, destaca Fagury.

Responsável por representar empresas que atuam na transformação das folhas metálicas, ela cita preocupações caso o governo decida por impor contrapartidas aos produtos chineses. Entre elas, o preço da matéria-prima importada da China poderia ser sobretaxada em 44% considerando o cálculo presente na circular da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) publicada em fevereiro. Caso sejam considerados os custos com frete marítimo, juros e despesas portuárias, o gasto para adquirir o insumo na região seria elevado a 70%.

“Isso se torna ainda mais grave em um ambiente de inflação resiliente como a que o País atravessa, com elevação, especialmente, de alimentos”, afirmou Fagury.

Conforme mostrou o Estadão, a CSN obteve da Secex uma decisão positiva para investigação contra fabricantes chineses de folhas metálicas no início do ano. O produto é transformado em diversos tipos de embalagens, desde latas de tinta até potes de sardinha.

Segundo Fagury, o setor passou a importar a matéria-prima de diversos países como uma forma de acessar outros fornecedores, visto que no Brasil apenas a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) produz e vende o material.

A porta-voz da Abeaço defende que a investigação antidumping liderada pelo MDIC seja pautada por critérios técnicos, objetivos e sensíveis aos eventuais impactos sobre a sociedade e demais indústrias afetadas por tal medida.

Até setembro o MDIC decidirá sobre uma possível aplicação do direito provisório ao antidumping para as folhas metálicas. A investigação, contudo, pode demorar até 18 meses.

Procurada, a CSN não se manifestou.