10/11/2010 - 21:00
O anúncio da eleição de Dilma Rousseff como nova presidente do Brasil nem havia esfriado e as discussões sobre quais serão as caras do futuro governo já esquentavam os bastidores do poder, deixando muitas questões no ar. O que Antônio Palocci, ex-ministro da Fazenda, fará? Quem o PMDB indicará? Que cargos os partidos coligados reivindicarão?
Dilma sinalizou o que virá pela frente. Na segunda-feira 1º, afirmou que suas escolhas serão pautadas pelo conhecimento técnico dos futuros ministros. E um velho conhecido do empresariado brasileiro pode fazer parte de seus planos. Trata-se de Abilio Diniz, sócio do Grupo Pão de Açúcar, apontado como eventual futuro ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Aos 73 anos de idade, ele tem as credenciais necessárias para isso. Primeiro porque tem afinidade com a nova presidente. Segundo porque é extremamente preparado. Na semana passada, logo depois da eleição, ele escreveu uma carta para seus funcionários elogiando a nova presidente.
“Não tenho dúvidas de que Dilma representa a continuidade de tudo aquilo que foi feito de bom”, disse Abilio. Outro ponto que conta a seu favor é a sua competência. À frente do Grupo Pão de Açúcar, transformou a sua companhia na maior rede varejista do País.
Essa não é a primeira vez que um homem da iniciativa privada assume o ministério. Alcides Tápias, ex-presidente da Febraban, esteve no posto durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Luiz Fernando Furlan, copresidente do conselho da Brasil Foods, assumiu a pasta no primeiro governo Lula.
Essa também não é a primeira vez que Abilio pode trabalhar no governo. Entre 1979 e 1989, ele foi membro do Conselho Monetário Nacional, convidado pelo ex-ministro Mário Henrique Simonsen (1935-1997). O dono do Pão de Açúcar só deixou a vida pública porque havia se afastado dos negócios – o que quase levou a companhia à bancarrota.
Agora, os tempos são outros. Em 2002, último ano do governo FHC, o Grupo Pão de Açúcar tinha 500 lojas, 58 mil funcionários e um faturamento de R$ 11,1 bilhões. Em 2010, o grupo deverá fechar com faturamento superior a R$ 40 bilhões, mais de 1,5 mil lojas e 145 mil funcionários.
De acordo com a revista Forbes, que lista os homens mais ricos do mundo, em 2009, Abilio ocupava a 468ª posição, com uma fortuna de US$ 1,5 bilhão. Neste ano, ele subiu para o 316º lugar, com US$ 3 bilhões. Hoje, Abilio tem condições de se dedicar a um trabalho no governo.
A gestão de sua empresa é profissionalizada e ele não precisa disputar o controle como fez com os irmãos no passado. Além disso, seu grupo já atingiu o topo. O objetivo de torná-lo o maior varejista do Brasil foi alcançado. Dinheiro? Não lhe falta.
A diferença entre US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões é apenas numérica. Há um momento em que o dinheiro deixa de ser o maior objetivo (perdão, Eike Batista). Abilio deixa isso bem explícito na sua carta. “Desejo muito sucesso a Dilma. De minha parte, continuarei trabalhando firme para ajudar na tarefa de construir um Brasil melhor, mais humano e solidário.
Continuarei fazendo aquilo que acredito ser a maior contribuição de um empresário comprometido com o seu País e com o social: crescer sustentavelmente, gerar empregos e contribuir com o aumento e distribuição de renda.” Quem sabe, ele possa fazer tudo isso do outro lado do balcão.