Se algo pode piorar, vai piorar. Na terça-feira (1), o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha afirmou na CPI dos Atos Golpistas (8 de Janeiro) que fez uma planilha com alertas sobre a alta probabilidade do que ocorreria em Brasília após o 1º de janeiro. Quem recebeu o material? Entre vários, o general Marcos Edson Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O que ele fez? Ignorou. “Eu entreguei essa planilha ao ministro e o ministro determinou que fosse retirado o nome dele dali porque ele não era o destinatário oficial daquelas mensagens.” Bola nas costas de Lula – vem daí suas dores? Porque Lula III assumiu sabendo que todo o alto aparato militar brasileiro o tem em péssima conta. Por esse cenário, escolheu a dedo G.Dias para o estratégico cargo de ministro-chefe do GSI. O militar já havia sido responsável pela segurança do presidente nos dois primeiros mandatos do petista. Aí veio o trágico-cômico-dantesco 8 de Janeiro e G.Dias foi flagrado sendo no mínimo conivente com os golpistas que invadiram o Palácio do Planalto. Sua atitude (ou não atitude) foi divulgada em abril pela CNN, obrigando o general a pedir para sair. Se seu LinkedIn já havia ficado sujo, piorou.

(Divulgação)

“O instrumento moderno para impor a escravidão é a dívida.”
Ezra Pound (1885-1972), poeta americano

VAI DAR EM PIZZA?

Capitalismo padrão Americanas

Depois o Brasil não entende por que o PL daqui ama Estado gordo e cargos públicos. Com exemplos à moda Americanas, fica difícil defender princípios liberais e de economia de mercado. Quem tem demonstrado essas incoerências, omissões e crimes (?) é a CPI, e não o mercado ou órgãos reguladores. O que tem vindo à tona já mostra que o lodo é profundo e aparentemente envolve altos executivos, grandes bancos e reluzentes consultorias. Falando em nome da KPMG, na terça-feira (1), Carla Bellangero não teria como ser mais explícita, em seis passos: 1) sua empresa foi contratada para auditar a varejista, o que ocorreu entre 2016 e 2019; 2) encontrou inconsistências nas chamadas ‘operações de risco sacado’, e dois bancos (nomes não informados) afirmaram que elas não haviam sido registradas pela Americanas; 3) a administração da varejista foi questionada sobre isso e, logo depois, os bancos retificaram as informações negando ter as operações mencionadas; 4) foi comunicada a situação aos diretores financeiros da Americanas e da B2W; 5) sem resposta após 18 dias, foi enviada uma carta para a administração das duas empresas; 6) “Após seis dias, as companhias rescindiram nosso contrato alegando razões comerciais”, disse Bellangero. Entendeu? Então… Funciona assim. No lugar da KPMG assumiu a PwC, que também aparentemente não percebeu nada – e nem teve contrato encerrado. Quem também deveria ser ouvido pela CPI é o ex-CEO da Americanas Miguel Gutierrez. Ele só concordou aparecer se pudesse ficar em silêncio (conseguido por habeas corpus). Ainda assim, não rolou. Afirmou estar com crise renal… Na Espanha. E bora pedir mezzo margherita mezzo marinara.

STARTUPS

Primeiro ranking global de fintechs

Num pioneiro ranking sobre as principais fintechs globais, divulgado terça-feira (2), o Brasil emplacou cinco: Agibank (Campinas), Banco Inter (Belo Horizonte), Banco Original (São Paulo), C6 (São Paulo) e PagBank (São Paulo). Feito pela CNBC (canal de notícias econômicas) e Statista (plataforma de geração de dados) foram avaliadas mais de 1,5 mil startups do segmento. Os dados considerados iam, entre outros, de número total de usuários a receitas. As companhias foram divididas em nove categorias (neobanking, pagamentos digitais, ativos digitais, planejamento financeiro digital, gerenciamento de patrimônio digital, financiamento alternativo, empréstimo alternativo, soluções de banco digital e soluções de negócios digitais). As cinco brasileiras ocuparam o mesmo segmento: neobanking. Ao todo, 200 startups foram elencadas. Gol do Brasil.

“Aquele que é rápido para pedir é lento para pagar.”
Provérbio alemão

Crescimento do PIB previsto pelo FMI para economias de países emergentes ou em desenvolvimento em 2023 e 2024, respectivamente. Vale como referência quando tentarem comemorar PIB de 2% e alguma coisa… Na média global as altas são de 3,0% para os dois anos.

INTERNACIONAL

Fintch rebaixa EUA. E daí?

Na terça-feira (1), a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota dos Estados Unidos para títulos de longo prazo. De AAA para AA+. Justificou a decisão citando a deterioração fiscal para os próximos três anos. O que poderia ser lido como problema grave ­— apesar de certa reação negativa de bolsas internacionais — é vista como pouco ou nada preocupante por economistas. Larry Summers, ex-secretário do Tesouro dos EUA no governo Bill Clinton, chamou a decisão de “bizarra”. A atual secretária do Tesouro, Janet Yellen, descreveu o rebaixamento como baseado em “dados desatualizados”. Para o economista-chefe de política do Goldman Sachs, Alec Phillips, o rebaixamento não reflete novas informações fiscais e “deve ter pouco impacto nos mercados financeiros, pois é improvável que existam grandes detentores de títulos do Tesouro que seriam forçados a vender com base na mudança de classificação”.