São Paulo, 20 – A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) divulgou novas projeções para o complexo da soja, com pequenas variações em relação ao relatório de abril, mas reforçando a perspectiva de recorde para a safra e estabilidade no esmagamento e produção de derivados. A estimativa de produção da safra 2024/25 foi ajustada para 169,7 milhões de toneladas, alta marginal de 0,1%, e o volume processado deve seguir em 57,5 milhões de toneladas, alta de 3% ante 2024.

A projeção de exportação da soja em grão foi revista para baixo, de 108,5 milhões para 108,2 milhões de toneladas (-0,3%), enquanto o estoque final da oleaginosa foi elevado de 5,4 milhões para 5,8 milhões de toneladas (+7,4%). Segundo a entidade, os dados mantêm o cenário otimista para o setor, com oferta robusta e consumo interno firme.

As estimativas para derivados permaneceram estáveis: 44,1 milhões de toneladas de farelo e 11,45 milhões de toneladas de óleo de soja. A Abiove também manteve as previsões de exportação desses produtos em 23,6 milhões e 1,4 milhão de toneladas, respectivamente.

O destaque da nova atualização está no mercado doméstico de óleo de soja. A previsão de consumo interno subiu de 10,1 milhões para 10,3 milhões de toneladas, aumento de 2%, refletindo maior demanda da indústria alimentícia e estabilidade nos preços ao consumidor. Como resultado, o estoque final foi reduzido de 516 mil para 316 mil toneladas, uma queda de 38,8% frente ao relatório anterior. Para o farelo, o consumo interno segue estimado em 19,5 milhões de toneladas, com estoque final inalterado em 3,579 milhões.

A Abiove manteve as importações de grão em 500 mil toneladas e as de óleo em 100 mil toneladas. A oferta externa tem sido utilizada para complementar a distribuição regional, especialmente nas Regiões Norte e Nordeste.

A entidade também divulgou os dados de esmagamento referentes ao mês de março. Foram processados 4,67 milhões de toneladas de soja, avanço de 29,7% sobre fevereiro. Em relação a março de 2024, houve retração de 6,8%, com base no ajuste amostral. No acumulado do ano, o processamento soma 11,65 milhões de toneladas, com alta de 1,3% frente ao mesmo período do ano passado.

Apesar da elevação na produção de biodiesel, os preços do óleo de soja refinado seguem em trajetória de baixa, segundo o relatório da Abiove. Entre janeiro e abril, o recuo acumulado foi de 5,70%, com quatro meses consecutivos de queda. A série de redução começou em dezembro de 2024, e inclui queda de 0,87% apenas em janeiro de 2025.

No mesmo intervalo, a produção de biodiesel subiu 8,2% no primeiro trimestre e 10,1% apenas em março, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Mesmo assim, o preço médio do biodiesel caiu de R$ 6,50 para cerca de R$ 5,00/litro (com PIS/Cofins e sem ICMS), conforme dados da ANP.

Para a Abiove, os dados reforçam que o biocombustível não teve impacto inflacionário relevante. “O avanço gradual da mistura segue sendo uma medida alinhada aos compromissos de descarbonização e reforça a importância de decisões baseadas em dados concretos e na previsibilidade regulatória”, destacou a entidade em nota.