05/04/2022 - 22:19
Os casos de depressão e ansiedade provocados nos últimos anos com a pandemia de Covid-19 podem ter um novo tratamento com ajuda do ‘professional cuddlers’. O profissional abraça desconhecidos, proporcionando contato físico para liberação de ocitocina, hormônio que estimula sentimentos de amor, união social e bem-estar.
Nos Estados Unidos e no Canadá, a terapia custa em média 85 dólares (R$ 396) por hora. Em Londres, são cerca de 65 libras (R$ 396) a hora.
A ocitocina está ligada à liberação de leite durante a amamentação, sensação de bem-estar depois de um orgasmo, redução nos níveis de estresse, maior conexão entre casais, amor dos pais em relação aos filhos recém-nascidos e à um maior comprometimento ético e moral dentro de grupos.
“Em 2019, eu estava sentindo falta do lado carinhoso e afetuoso de um relacionamento depois de ficar solteira. Pensei que deveria haver um serviço onde as pessoas se ajudassem e se abraçassem – é um pouco como Uber para carinho”, disse a britânica Kristiina Link ao jornal The Mirror, segundo o jornal Correio Braziliense.
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Segundo Kristiina, ela não é psicóloga ou qualquer outra concepção mais tradicional de terapeuta. Ela conta que cria um ambiente em que o cliente possa se sentir à vontade, conversa antes sobre possíveis desconfortos em relação a áreas de toque e acomoda as pessoas em um ambiente com música para meditação e uma cama de casal.
“Começo tocando música calmante, segurando as mãos e encorajo a respiração profunda para que eles se sintam presentes no momento. Nós nos abraçamos em várias posições, como ficar em pé e de conchinha, mas eu mudo a posição a cada 15 minutos, caso contrário os braços ficam doloridos e as pessoas precisam se alongar”, explica Kristiina.
“Decidi, imediatamente, começar com a terapia e, tendo vivido essa experiência, posso dizer que ela é uma das melhores ferramentas para trazer calma, alegria e conectividade”, diz um relato compartilhado pela ‘abraçadora’ no perfil ‘touchunwind’ do Instagram, onde a terapeuta usa como forma de contato.
Kristiina disse que fatura 1.500 libras (R$ 9.174) por mês com os atendimentos. “No meu trabalho vejo muitas pessoas que estão se sentindo isoladas por causa da pandemia, bem como aquelas que estão de luto e precisam de conforto físico”, disse a abraçadora.
A terapeuta conta que se preocupa se os clientes não parecem melhorar entre as sessões ou aparentam estar criando algum tipo de vínculo com ela.
“Meus clientes entendem que o aconchego é uma forma de terapia de toque platônico, no entanto, tive clientes regulares que vêm todas as semanas e às vezes vejo isso como um sinal de que eles estão apegados”, disse.
Entre os clientes, pessoas solteiras que precisam de apoio para se sentirem menos solitárias e também quem estejam em um relacionamento, mas tem bloqueio para contato físico. “Esses pacientes usam as sessões para aprender a se conectar melhor com os parceiros”, explica a britânica.
A profissional explica que tenta deixar o processo claro na entrevista inicial e recomenda que as pessoas também frequentem terapias convencionais, que ela chama de ‘terapia de fala’.
“É importante que as pessoas venham para a sessão com a intenção certa e na consulta eu me certifico de que a terapia de abraço é certa para elas”, explica.
Kristiina disse que há uma preocupação com o tempo máximo das sessões, pois o contato intenso com outras pessoas pode levar a desconfortos físicos. “Três horas é a duração ideal para um abraço, pois mais do que isso pode levar à sonolência, dores de cabeça e até desidratação. Muito de qualquer coisa não é bom para você e isso também vale para abraçar”, disse.
Segundo a terapeuta, os clientes precisam ser maiores de 18 anos, mas a maioria tem entre 30 e 40 anos.
A terapeuta não nega que a profissão pode atrair pessoas que buscam sexo pago. “Ainda é um conceito relativamente novo, então algumas pessoas ficam confusas sobre o que realmente é a terapia de abraço — era o mesmo para massagens profissionais cinquenta anos atrás”, disse Kristiina.
A terapeuta conta ainda que há uma grande comunidade da atividade em Londres e que está sendo normalizada. “As pessoas estão ficando mais curiosas sobre os benefícios do toque de cura”, explica.