23/10/2013 - 5:17
As ações da Souza Cruz, maior fabricante de cigarros do Brasil, caíram 3,31%% nesta quarta-feira, encerrando o pregão cotadas a R$ 24,51. Foi a segunda queda seguida registrada pela tabagista, que acumula, no ano, um declínio de 17,5% no valor de suas ações. O tropeço mais recente se deve aos maus resultados apresentados pela companhia Ela anunciou, na tercça-feira 22, que seu lucro líquido caiu 0,88%, no terceiro trimestre deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, para R$ 412,3 milhões. Suas vendas foram 9,55% menores no trimestre, totalizando R$ 1,4 bilhão.
Os números da Souza Cruz foram impactados pela queda de 40% nas exportações de fumo. Problemas climáticos, que resultaram no fechamento dos principais portos do Sul do País, também contribuíam com o desempenho aquém do esperado. O pior, para a empresa, é que essa tendência negativa deve continuar no próximo trimestre. Com isso, a Souza Cruz, que pertence ao grupo britânico British American Tobacco (BAT), passa a conviver com uma situação praticamente inédita nos últimos dez anos: o pessimismo do mercado.
Na última década, as ações da companhia tabagista foram uma das queridinhas dos investidores. Seus papéis estão entre os mais valorizados do pregão da Bovespa nesse período. Um investidor que tivesse apostado R$ 1 milhão na companhia em 2003 teria atualmente mais de R$ 16 milhões, segundo a Economática. Esse desempenho foi obtido graças aos ótimos resultados obtidos pela fabricante, dona de uma participação de 80% no mercado brasileiro de cigarros.
Seu faturamento mais do que dobrou, nos últimos dez anos, chegando a R$ 6,1 bilhões em 2012. No ano passado, a última linha do balanço acusou um resultado líquido de R$ 1,64 bilhão, o maior de seus 110 anos de história. Além disso, a companhia é famosa por distribuir generosos dividendos. Desde 1996, ela distribui, em média, 90% do seu lucro para os portadores de suas ações. No ano passado, R$ 1,55 bilhão foi parar nos bolsos dos acionistas.
Depois de uma década de bonança, a Souza Cruz está diante de um quadro negativo. ?Seguimos vendo a companhia perdendo volume de vendas?, afirmam os analistas da corretora XP Investimentos, em relatório. ?Esperamos uma reação negativa do mercado.? De acordo com o banco Credit Suisse, nos últimos três meses, as estimativas de ganhos da empresa para 2013 e 2014 sofreram uma queda de 3,5% e 2,8%, respectivamente. ?Novas reduções de expectativa podem pressionar o valor da ação?, afirmaram os analistas Alexandre Amson e Tobias Stingelin, em relatório.
Entre os problemas enfrentados pela empresa, atualmente, está o contrabando de cigarros. Apesar de ter aumentado sua participação de mercado em 2,6 pontos porcentuais, até setembro, o volume de cigarros comercializados caiu 0,9% no terceiro trimestre e 10,7% no ano.
A generosidade da companhia com seus acionistas, no entanto, não parece que vai acabar. A Souza Cruz deve continuar com sua farta distribuição de dividendos. Ela já aprovou o pagamento de juros sobre o capital próprio de R$ 0,018 por ação, a serem pagos em novembro.