30/01/2013 - 21:00
Acampar, para muita gente endinheirada, pode significar estresse e desconforto, um autêntico programa de índio. Montar barracas, acomodar-se em pequenos sacos de dormir, dividir banheiros com estranhos, enfrentar mosquitos e outros insetos, tudo isso podia parecer um preço muito alto para se pagar por um momento de tranquilidade e de descanso em meio à natureza. No entanto, com a moda dos glampings (junção das palavras “glamour” e “camping”), os super-ricos têm a possibilidade de usufruir do estilo de vida dos acampamentos tradicionais com requinte e conforto equivalentes aos de um hotel cinco-estrelas.
Unidade do Four Seasons na Tailândia esbanja luxo em meio à selva
Nesses lugares é possível encontrar calefação, piso aquecido, decoração sofisticada, lençóis de mil fios, ofurô, hidromassagem, spa e mordomo, entre outros mimos, por até R$ 5 mil a diária, valor idêntico à tarifa cobrada pela suíte superior do luxuoso Plaza Athénée, em Paris. Inspirados nas hospedagens sofisticadas no meio da selva africana (também conhecidas como lodges), os glampings fazem sucesso na Europa e nos Estados Unidos. “Todo mundo tem procurado experiências excêntricas”, afirma Roberto Miranda, especialista em hotelaria de alto padrão. “É uma saída para os abonados que já fizeram o caminho tradicional do turismo de luxo.”
Essa modalidade turística atrai também pelo conceito de luxo sustentável, em voga hoje em dia, que faz com que o hóspede conviva com animais silvestres ou disponha de energia solar. É o caso da unidade intitulada “Tented Camp” da rede hoteleira Four Seasons na região do Triângulo Dourado, na Tailândia, que oferece passeios de elefante, vista para a selva, transporte em típica jangada de bambus e nada de televisões no local. Em contrapartida, possui cama king size, piscina com hidromassagem e jantares com chef especializado na gastronomia local. Tudo para fazer com que seus exigentes hóspedes esqueçam do mundo aqui fora, sem abrir mão do conforto.
“Recebemos pessoas de todos os lugares do mundo e todas elas têm duas coisas em comum: senso de aventura e já viajaram para quase todos os lugares do mundo”, diz Ali Mohammed, gerente do Four Seasons Tented Camp. O Clayoquot Wilderness Resort, na Columbia Britânica, no extremo oeste do Canadá, é outro glamping procurado pelos ricos em busca de aventura, com pacotes de sete diárias por R$ 28 mil. Acessado apenas por jatinho, o acampamento de luxo abriga local para observação de baleias e ursos e também espaços comuns, como salão de jogos e biblioteca, para quem quer dar um tempo na contemplação da natureza ao redor. A culinária é um dos atrativos do espaço, com pratos preparados apenas com alimentos locais.
“A privacidade e o conforto do glamping fizeram com que algumas pessoas que não gostavam de acampar virassem nossos clientes”, afirma a diretora de marketing do Clayoquot, Kathy McRae. No Exterior, o glamping está tão em evidência que dá até para acampar com requinte em meio à selva de pedra. Tanto é que o hotel nova-iorquino Aka Central Park montou um pacote inspirado no movimento turístico, que privilegia a vida ao ar livre, entre os prédios da agitada Manhattan. Nele, o terraço da cobertura do hotel se transforma em um verdadeiro glamping, com direito a lareira, quitutes do chef francês Jacques Torres (especialista em sobremesas), seleção de filmes para assistir a céu aberto, velas e até um telescópio. Assim ficou fácil acampar.