As ações da Embraer desabaram mais de 8% nesta quinta-feira, reagindo ao anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na véspera, de uma tarifa de 50% para todos os produtos brasileiros enviados aos EUA.

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Por volta de 10h30, os papéis caíam 5,57%, a R$73,85, tendo chegado a R$71,63 na mínima até o momento (-8,41%), entre os piores desempenhos do Ibovespa, que cedia 0,95%.

De acordo com analistas do JPMorgan, a companhia é uma das mais afetadas no setor de bens de capital brasileiro, com um impacto potencial estimado de cerca de 13% na receita da fabricante brasileira de aviões.

Marcelo Motta e Jonathan S. Koutras ponderaram que a previsão assume que todas as vendas do jato Praetor (cerca de 18% da receita) são para clientes dos EUA e que o jato comercial E175 (cerca de 9% da receita) também sofreria queda de demanda.

Eles destacaram que o impacto potencial de uma tarifa de 50% sobre as exportações do Brasil para os EUA varia entre os diferentes segmentos de negócios da Embraer.

Na aviação comercial, citaram, que respondeu por 35% da receita em 2024 e 12% do Ebit, os contratos da Embraer incluem cláusulas que permitem o repasse de tarifas de importação aos clientes.

Como ponto positivo, a equipe do JPMorgan lembrou que o jato E175, responsável por cerca de 9% da receita de 2024, totalmente fabricado no Brasil, não possui concorrente certificado, o que confere à Embraer forte poder de precificação.

Na família E2, acrescentaram que a empresa enfrenta concorrência do A220 da Airbus, mas não possui clientes nos EUA.

Quanto aos jatos executivos, Motta e Koutras citaram que a montagem final ocorre em Melbourne, Flórida — os Phenoms são 100% fabricados nos EUA, enquanto os Praetors têm entre 60% e 70% de conteúdo da América do Norte, principalmente dos EUA.

“No entanto, como partes do processo são fabricadas no Brasil, esse segmento é mais impactado pelas tarifas, o que pode pressionar as margens”, estimaram no relatório enviado aos clientes do banco.

“Segundo nossos cálculos, uma tarifa de 50% sobre essas peças representaria uma redução significativa nas margens, com impacto de até 15% no Ebit dos jatos executivos no pior cenário.”

Em defesa, esclareceram que a Embraer não possui vendas diretas para os EUA nesse segmento.

Em relação ao segmento de serviços e suporte, afirmaram que as peças importadas do Brasil para atender clientes nos EUA também podem ser impactadas.

“Assumindo que 25% da receita de serviços e suporte nos EUA seja representada por importações do Brasil, o impacto estimado seria de cerca de 5% no Ebit desse segmento”, calculam.