Um dos grandes trunfos do grupo francês Accor, gigante da hotelaria com faturamento anual de 7 bilhões de euros, é a sua estratégia de diversificação. A empresa possui 13 bandeiras que atendem desde a classe C até os que estão no topo da pirâmide. 

Dessa forma, preenche qualquer tipo de lacuna que poderia ser preenchida pela concorrência. No Brasil desde a década de 70, a rede tenta replicar esse modelo por aqui. Entre suas marcas estão Formule 1 (F 1) e ibis, que têm um perfil mais econômico. 

 

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“O volume de negócios da rede chegou a R$ 1 bilhão no Brasil em 2009. Neste ano, cresceremos 20%”

Roland de Bonadona, CEO do grupo Accor para a América Latina

 

Já para atender aos que buscam mais sofisticação, a empresa opera as bandeiras Mercure e Sofitel. Agora, a cadeia vai ocupar um espaço pouco explorado no País: o do luxo acessível. 

 

Em março de 2011, a Accor inaugura a primeira unidade da bandeira Pullman, em São Paulo. ?É um lugar para o executivo moderno, jovem, na faixa dos 35 anos e que viaja muito a trabalho?, diz Roland de Bonadona, CEO do grupo Accor para a América Latina. 

 

?Trata-se de um perfil de hóspede importante, porque representa 40% do universo de usuários de hotelaria?. O responsável por dar vida a essa primeira unidade é o empresário Antonio Setin. Como já era dono do Mercure Grand Hotel, ele topou transformar a unidade, localizada perto do Parque do Ibirapuera. 

 

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?Sem a mudança de bandeira, o faturamento cresceria 8%. Com a nova marca, deveremos faturar 20% mais?, diz Setin. É o mesmo crescimento esperado pela Accor, que administra 144 hotéis no Brasil e fatura R$ 1 bilhão por aqui.

 

Dos 4,1 mil hotéis da rede espalhados pelo globo, apenas 47 são Pullman. De acordo com Bonadona, a intenção é construir 150 deles em cinco anos ? dez na América Latina. O diferencial da bandeira se esconde na informalidade presente na decoração e no atendimento. 

 

Frases como ?sim senhor? e ?não senhor? não pertencem ao vocabulário dos funcionários. O trato é mais leve e combina mais com o executivo moderno. Depois de São Paulo, os próximos destinos a receber a bandeira podem ser Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. 

 

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Pullman, de Barcelona: um dos diferenciais da marca é a decoração moderna. O grupo quer construir 150 unidades

no mundo até 2015, dez delas na América Latina

 

?Embora haja público para frequentar esse tipo de hotel, um limitador para o novo negócio do Accor pode estar na outra ponta: os parceiros?, diz Ricardo Mader, diretor da consultoria Jones Lang LaSalle. ?Não é fácil obter crédito para a construção de hotéis e o mercado residencial está muito aquecido?, lembra.

 

Justamente por isso, a companhia não se concentra em apenas um segmento. E tem mostrado isso com novas tacadas. A rede anunciou que vai adotar o sistema de franquias com a marca Formule 1, cujas diárias custam, em média, R$ 80. 

 

A meta é abrir 100 novas unidades em cidades com população de 100 mil a 500 mil pessoas. ?Até hoje eles estão em cidades com mais de um milhão de habitantes?, diz Bonadona. 

 

Os três primeiros empreendedores interessados já assinaram acordos de intenção e vão construir cinco hotéis cada um, uma das regras para entrar no negócio. Cada unidade exige investimentos que chegam a R$ 6 milhões.  

 

O que diferencia o sistema tradicional, até hoje utilizado pela rede Formule 1, do de franquias é a gestão do negócio. Enquanto no modelo atual o hotel é administrado pela Accor, no de franquias o responsável por gerir é o investidor parceiro. Ele apenas pagará royalties pelo uso da marca. 

 

Há, evidentemente, um outro lado nessa moeda. A rigor, a Accor ganha escala, mas corre o risco de ter seu nome manchado caso o hotel seja mal administrado. ?Vamos seguir de perto a atuação dos parceiros para que seja mantido o padrão da Accor?, diz Bonadona.

 

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