O economista e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga avaliou que, apesar de a nova regra fiscal proposta pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definir variáveis importantes para o funcionamento da economia, a “aritmética da história ainda é frágil”. O superávit primário previsto no texto para 2025, afirmou, é positivo, mas não é o suficiente, e existe um otimismo perigoso na porcentagem proposta.

“Um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) não é o suficiente, salvo em um cenário muito otimista. E eu acho que não cabe trabalhar com tanto otimismo, penso que esse assunto ainda deve ser discutido”, disse, em entrevista à CNN.

O projeto do novo arcabouço fiscal apresentado pela Fazenda prevê a zeragem do déficit primário das contas do governo federal em 2024. Em 2025, a estimativa é de um superávit de 0,5% do PIB. No último ano do governo Lula, em 2026, a projeção que consta na proposta é de um superávit de 1%.

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“Acho que precisaria ter um reajuste maior do que está proposto. A aritmética desse ajuste, ao meu ver, não fecha, e isso é da maior importância. E eu acho que, por outro lado, se esse ajuste for feito de uma maneira transparente, crível, o Brasil poderia viver um período de bons tempos na economia”, disse Fraga.

O economista analisou ainda que o projeto põe “quase todo o ônus do ajuste na receita”. “A tributação deve aumentar, e é o que ainda não se discute”, disse, ponderando que ainda há muitos detalhes da proposta a serem explicados.