13/09/2022 - 11:19
O índice de inflação ao consumidor (Consumer Price Index, CPI) surpreendeu para cima nos EUA. Os dados de agosto variaram 8,3% no acumulado em 12 meses. Apesar de inferior aos 8,5% anuais até julho, o resultado superou as expectativas. O mercado previa 8,1%.
O “núcleo” da inflação (“core index”), que exclui os preços mais voláteis dos alimentos e da energia, também ficou acima do esperado. O acumulado nos 12 meses até agosto subiu para 6,3%, ante 5,9% nos 12 meses até julho. A expectativa para agosto era de 6,1%.
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No entanto, a divulgação do CPI mostrou que os aumentos de preços de Alimentos e Habitação foram muito elevados em agosto. Os alimentos ficaram 0,8% mais caros, e os preços da habitação subiram 0,7%. Isso só não pressionou ainda mais a inflação devido à queda acumulada de 10,6% nos preços da gasolina, que levou os preços do grupo Energia a cair 5,0%. No entanto, apesar da queda da gasolina, gás natural e eletricidade ficaram mais caros.
A notícia deverá ter um impacto profundo sobre os mercados, pois contrariou uma expectativa de desaceleração da inflação que vinha ganhando corpo nas últimas semanas. No início da semana passada, os preços do petróleo caíram após a China divulgar uma diminuição de 9,4% nas importações da commodity em agosto. A causa da baixa foi uma redução da demanda, o que gerou expectativas de que o cenário para o mercado de energia poderia mudar.
No caso dos Estados Unidos, em apenas uma semana os preços do barril do petróleo do tipo WTI, referência para o mercado americano, caíram quase US$ 10, para US$ 85. E os preços da gasolina registraram baixas diárias durante 87 dias consecutivos. Variável chave para a economia, a energia vinha mostrando uma baixa rápida de preços.
Segundo o economista da Ativa Investimentos, Etore Sanchez, essa notícia alterou as perspectivas para a próxima reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, agendada para a última semana de setembro. Até agora, a expectativa mais frequente no mercado era de uma alta de 0,5 ponto percentual, elevando os juros referenciais para a faixa entre 2,75% e 3,0%, ante o intervalo atual de 2,25% a 2,50%. No entanto, a Ativa passou a projetar um aumento de 0,75 ponto percentual, com os juros chegando à faixa entre 3,0% e 3,25%.
Segundo Sanchez, “não é desprezível o aumento de probabilidade de assistirmos uma elevação de 0,75 ponto percentual também na reunião de novembro, ainda que isso não seja preponderante em nossa avaliação”. Para ele, o fim do movimento de ajuste do Fed segue com os juros se estabilizando na faixa entre 3,75% e 4%. No entanto, segundo a Ativa, “a probabilidade de rompimento desse patamar não é desprezível.”