11/02/2025 - 15:37
Produtores de aço do Brasil defenderam nesta terça-feira, 11, a continuidade de um acordo comercial estabelecido em 2018 que criou cotas rígidas de exportação de produtos siderúrgicos do país para os Estados Unidos, em meio à iminência da sobretaxa de 25% a ser cobrada pelo governo de Donald Trump no início de março.
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“Importante ressaltar que a negociação ocorrida em 2018 atendeu não só o interesse do Brasil em preservar acesso ao seu principal mercado externo de aço, mas também o interesse da indústria de aço norte-americana, demandante de placas brasileiras”, afirmou a principal entidade do setor siderúrgico nacional, que reúne empresas como Gerdau, Usiminas e ArcelorMittal.
A entidade afirmou que tem confiança em uma abertura de diálogo entre Brasília e Washington para a manutenção do comércio de aço entre os dois países “nas bases acordadas em 2018”.
Relembre sistema de cotas
Após a instituição de um imposto sobre o aço em seu primeiro mandato, Donald Trump fechou acordos de cotas isentas com os principais parceiros comerciais dos EUA. Para aço semiacabado, a cota foi de 3,5 milhões de toneladas e, para o produto acabado (aços longos, planos, inoxidáveis e tubos) foi de 543 mil toneladas.
O benefício inicialmente abrangia Canadá, México e Brasil. Posteriormente, o governo Biden estendeu essas cotas para Reino Unido, Japão e União Europeia. Agora, em 2025, Trump diz que não haverá mais política de cotas.
Amcham espera uma solução negociada pelos governos
Outra entidade a comentar os novos tributos decretados por Trump foi a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), instituição multisetorial voltada para fortalecer o comércio e o investimento entre brasileiros e estadunidenses.
Em nota, a Acham lembra que o Brasil importa US$ 1,4 bilhão em carvão para ser utilizado na indústria do aço. Além disso, compra produtos feitos de aço como máquinas e equipamentos, peças para aeronaves, motores automotivos e outros bens da indústria de transformação. “Com as sobretaxas, há o risco de redução das importações brasileiras desses produtos de origem norte-americana”, afirma a nota.
“A Amcham Brasil espera que os governos do Brasil e dos Estados Unidos busquem uma solução negociada para preservar o comércio bilateral, que tem registrado recordes nos últimos anos, com ganhos para ambas as economias e expressivo superávit para o lado americano”, conclui a Amcham.
Mercado global de aço enfrenta mudanças
Em sua nota, o Instituto Aço Brasil afirma que o mercado global tem sofrido com práticas predatórias da China, que impactam inclusive a indústria brasileira do setor. “Razão pela qual o Instituto Aço Brasil solicitou ao governo brasileiro a implementação de medida de defesa comercial, estando em vigência, atualmente, o regime de cota-tarifa para 9 NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul) de produtos de aço”, diz a nota.
A nota destaca ainda dados sobre o tamanho do setor. Nos últimos cinco anos, os Estados Unidos tiveram superávit comercial médio de US$ 6 bilhões. Já ao considerar especificamente os principais itens da cadeia do aço – carvão, aço e máquinas e equipamentos – o comércio entre os dois países é de US$ 7,6 bilhões, sendo os Estados Unidos superavitários em US$ 3 bilhões.
Setor do Alumínio também defende diálogo
A Associação Brasileira de Alumínio (Abal) também publicou nota nesta terça-feira, 11, para manifestar “preocupação” com os impactos de uma nova taxa de 25% sobre o metal nos Estados Unidos.
A nota pede uma discussão sobre “fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e a recalibração da política tarifária nacional”, apesar de não especificar medidas. “A Abal está em diálogo com o governo brasileiro para compreender as implicações dessa medida e buscar soluções que mitiguem seus impactos sobre a economia nacional no curto e médio prazo”, conclui.
As novas tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio para os Estados Unidos entrarão em vigor em 12 de março, de acordo com os decretos assinados pelo presidente Donald Trump na segunda-feira, 10.
(*com informações da Reuters)