22/12/2025 - 16:35
As ações da Alpargatas, dona da Havaianas, são negociadas em forte queda nesta segunda-feira, 22, em meio à polêmica política desencadeada pela propaganda estrelada por Fernanda Torres.
Perto das 16h20, as ações da Alpargatas caíam 3,41%, a R$ 11,32, enquanto o Ibovespa caía 0,26%, a R$ Veja cotação.
+ Direita critica comercial de Havaianas com Fernanda Torres e pede boicote
Na propaganda, veiculada na TV aberta e nas redes sociais, a atriz endossa o discurso da marca de que não deseja que o público entre no ano de 2026 com o pé “direito”, mas sim, com os dois pés. Não demorou muito para que alguns políticos e militantes de direita começassem a se sentir atacados pelo comercial e iniciassem uma espécie de boicote à marca.
No comercial, a vencedora do Globo de Ouro 2025 pelo filme “Ainda Estou Aqui” – em que fala sobre o período da ditadura militar no Brasil -, diz: “Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito. Não, não é nada contra a sorte, mas vamos combinar: sorte não depende de você, depende, depende de sorte. O que eu desejo é que você comece o Ano Novo com os dois pés. Os dois pés na porta, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde você quiser. Vai com tudo, de corpo e alma, da cabeça aos pés”.
A fala foi vista com tom de maldade por direitistas, que não gostaram do tom da propaganda, que passaram a defender até o boicote da marca. O assunto também motivou uma série de memes, com comentários irônicos sobre o episódio.
Em um vídeo no Instagram, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que mora nos Estados Unidos, joga no lixo um par de Havaianas pretas com uma pequena bandeira do Brasil nas tiras.
Procuradas pela IstoÉ Dinheiro a Alpargatas e a Havaianas não responderam aos pedidos de comentário até a publicação desta reportagem.
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o impacto d polêmica nas ações da Alpargatas e na empresa tende a se concentrar no curto prazo, sem força suficiente para alterar a trajetória da marca.
“A marca não enfrenta hoje um concorrente direto forte o suficiente para capturar uma eventual insatisfação pontual do consumidor. Além disso, o foco estratégico da empresa está muito mais voltado à expansão internacional. No mercado interno, a marca já alcançou um nível de penetração próximo da saturação, o que reduz o impacto de movimentos conjunturais como esse”, avaliou.
“O brasileiro tende a priorizar fatores como modelo, conforto e disponibilidade, muito mais do que posicionamentos políticos ou campanhas específicas”, acrescentou.
