As ações da Azul encerram o pregão desta quinta-feira, 29, com queda de 24,14% no Ibovespa, renovando mínimas históricas, em meio a preocupações de investidores com eventuais estratégias que a companhia aérea possa buscar para lidar com suas dívidas.

+ Pedido de recuperação judicial não é nosso plano, diz presidente da Azul

De acordo com reportagem da Bloomberg News publicada na quarta-feira, 28, citando pessoas familiarizadas com o assunto, a Azul estaria avaliando opções que vão desde uma oferta de ações até a apresentação de um pedido de recuperação judicial para fazer frente às obrigações de dívida que se aproximam.

A companhia também estaria trabalhando ativamente para realizar uma combinação de negócios com a Gol para convencer os credores de que uma nova entidade combinada teria níveis de dívida mais baixos e melhores perspectivas de crescimento, de acordo com a Bloomberg News.

Em entrevista à Reuters na tarde desta quinta, o presidente-executivo da Azul, John Rodgerson, afirmou que a companhia aérea está saudável financeiramente, recebendo novas aeronaves e não tem planos de fazer um pedido de recuperação judicial.

“Não temos uma empresa aérea quebrada. Temos uma empresa aérea super saudável, que vai negociar com seus parceiros”, afirmou o executivo em entrevista à Reuters.

Um pedido de recuperação judicial (chamado de Chapter 11 nos Estados Unidos) “não é nosso plano. Não é meu plano, não é o plano dos parceiros”, disse o executivo. A Azul é a única grande companhia aérea em operação no Brasil que não fez um pedido de proteção contra credores.

“Estamos trabalhando em uma discussão amigável com todo mundo como sempre fizemos”, acrescentou o executivo, que negou reportagem publicada na véspera pela Bloomberg que citou entre as opções da companhia um eventual pedido de recuperação judicial.

Plano estratégico

A Azul informou nesta quinta-feira, 29, que desenvolveu um novo plano estratégico para melhorar sua estrutura de capital e liquidez, em resposta aos desafios econômicos atuais que vinha enfrentando.

Essa declaração foi feita após a reportagem da Bloomberg sugerir que a Azul poderia estar considerando uma oferta de ações e a busca por proteção contra credores nos EUA, por meio do Chapter 11. A empresa diz que as notícias foram mal-interpretadas.

Em fato relevante divulgado para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a companhia informou que está em negociações com seus principais stakeholders para otimizar a estrutura de equity, seguindo o plano de otimização de capital do ano passado.

“Os stakeholders estão demonstrando apoio e as negociações estão avançando na direção de melhores resultados para todas as partes. Como temos demonstrado consistentemente, a Azul sempre favorece soluções amigáveis e comerciais que maximizam valor para todos os seus stakeholders”, afirma.

A Azul informou ainda que possui a capacidade adicional de captação de recursos, utilizando a Azul Cargo como garantia primária, de até US$ 800 milhões, além de outras fontes de liquidez, lembrando que recentemente o Congresso brasileiro aprovou uma lei que facilita o acesso das companhias aéreas a linhas de crédito com apoio do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC).

A empresa ainda informou que está mantendo diálogos com o Grupo Abra, acionista controlador da Gol, sobre possíveis parcerias ou fusões com a companhia, mas que até o presente momento não há nenhum acordo firmado.