As ações da Natura afundaram 30% no pregão desta sexta-feira, 14, figurando como a maior queda da bolsa de valores hoje. Apesar de uma melhora na última linha do balanço reportado pela empresa antes do pregão – com prejuízo reduzindo em 83% – a companhia frustrou o mercado com alguns números da demonstração financeira, em especial as margens.

+ BRAZIL JOURNAL: O crash da Natura

Analistas do BTG Pactual citam ‘números poluídos’ dentro do resultado da Natura.

“A empresa reportou números poluídos no 4º trimestre devido à reconsolidação da Avon International (após a conclusão do procedimento de Chapter 11) – que ajustamos em nossa análise para fins de comparação. Excetuados os números da Avon International, os números ficaram abaixo de nossas estimativas, principalmente devido a maiores despesas de Despesas de Vendas, Gerais e Administrativas no período e uma margem bruta menor”, diz a casa.

Os analistas enxergaram com bons olhos as vendas da bandeira Natura no Brasil e na América Latina, mas, em contrapartida, a Avon na América Latina ainda está ‘lutando para reavivar as vendas’, enquanto as despesas gerais e as administrativas se mostraram maiores do que o esperado.

O BTG tem recomendação neutra para NTCO3, com preço-alvo de R$ 18 – ao passo que os papéis negociam a cerca de R$ 9,80 em bolsa atualmente.

A XP vê o balanço da Natura mostrando um trimestre ‘conturbado e complexo’, destacando que a lucratividade foi o grande ponto negativo.

“Após 7 trimestres de expansão de margem, a margem bruta caiu 20 pontos base devido a efeitos pontuais na Argentina (-0,5 p.p), enquanto a mistura de produtos (maior participação de presentes) e esforços comerciais táticos compensaram parcialmente uma melhor mistura de países e ganhos da Onda 2”, diz a casa.

“A margem EBITDA ajustada caiu 2p.p devido à reclassificação de investimentos em TI de Capex para Opex (-1,6p.p), o que deve continuar no primeiro semestre de 2025, e os royalties da Avon (-0,5p.p), enquanto a pressão sobre despesas gerais e administrativas resultou de investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento e iniciativas omnichannel”, completa.

A XP também tem preço-alvo de R$ 18 para as ações da Natura, todavia segue com recomendação de compra para os papéis.

O JP Morgan avalia que ‘os resultados da Natura não chegaram nem perto do que era esperado’ olhando do ponto de vista operacional.

Segundo o Brazil Journal, um tema chave é uma potencial solução para a Avon Internacional. A empresa declarou que busca uma alternativa para o ativo, incluindo uma venda ou um investimento minoritário, mas não há visibilidade sobre quando esse processo será balizado.

A gestão da empresa, durante a teleconferência de resultado com analistas, associou os problemas de rentabilidade ao impacto da operação na Argentina. O CFO Guilherme Castellan não chegou a quantificar o tamanho desse impacto, mas disse que excluindo a Argentina, a expansão de margem bruta não teria sido igual a dos trimestres anteriores, mas sim ‘bastante substancial’.

Natura foi praticamente ‘cortada pela metade’ nos últimos 12 meses

A empresa amarga uma desvalorização de 47% no acumulado dos últimos 12 meses na bolsa de valores. O preço das ações é o menor em cerca de 10 anos, considerando o ajuste em dividendos.

Com a queda desta sexta, 14, o valor de mercado da Natura passa a ficar abaixo dos R$ 15 bilhões pela primeira vez em uma década – perdendo R$ 5 bilhões de valuation em um só pregão.