As ações da Petrobras desabam nesta quarta-feira, 15, bolsa brasileira após o anúncio de mudança de comando na maior estatal do país e preocupação do mercado com o risco de maior interferência política na gestão da petroleira.

Às 14h20, as preferenciais caíam 5,53%, a R$ 38,61, enquanto as ordinárias perdiam 6,73%, a R$ 40,04, capitaneando as perdas do Ibovespa, que cedia 0,51%, aos 127.866 pontos. Já o dólar à vista registrava alta de 0,04%, cotado a R$ 5,1314. Veja cotações.

Mais cedo, a Petrobras chegou a perder quase R$ 50 bilhões em valor de mercado, com as ações preferenciais recuando mais de 8% no pior momento e as ordinárias desabando perto de 10%. na mínima nos primeiros negócios.

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A engenheira Magda Chambriard foi indicada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para exercer o cargo de presidente da Petrobras, em substituição a Jean Paul Prates, demitido pelo presidente Lula.

A informação sobre a mudança na presidência da Petrobras de comando na maior estatal do País saiu por volta das 21h da terça-feira, 14, depois do fechamento do mercado financeiro nacional. No chamado after hours” da Bolsa de Nova York (Nyse), os papéis da Petrobras (ADR) fecharam em queda de 7,59%.

“Vai ser um dia muito pesado, o Ibovespa deve cair porque a Petrobras tem um peso enorme no índice, e a notícia trará incertezas também do ponto de vista do câmbio e de juros, já que a Petrobras é uma estatal extremamente importante para o Brasil”, disse Felipe Corleta, diretor de Investimentos da GTF Capital.

Para o economista Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos, o episódio vai “reverberar muito mal”. A leitura dos analistas é que cresce as chances de maior interferência política na gestão da Petrobras.

O anúncio da mudança no comando da Petrobras aconteceu um dia após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre da empresa, cujo lucro caiu 38% na comparação anual, para R$ 23,7 bilhões. Antes, no entanto, já havia no governo descontentamento com os rumos da companhia e com a própria gestão de Prates.

“O último ano foi um teste para a governança da Petrobras em diversos aspectos, demonstrando que, apesar das tentativas de interferência política, parte das diretrizes da empresa foi mantida, embora seja necessário reconhecer que em certos aspectos, como a defasagem nos preços dos combustíveis, houve falhas na implementação”, disse Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, destacando que ainda não há uma compreensão clara das mudanças que serão implementadas.

Próximos passos

A XP explicou que, segundo o estatuto da empresa, o novo CEO da Petrobras precisa primeiro ser eleito como membro do conselho de administração da empresa. O nome deve ser aprovado pelo Comitê de Pessoas do conselho, para cumprimento de várias regras de elegibilidade, antes de ser submetido a uma votação pelo colegiado.

“O caminho mais rápido para a nomeação é a renúncia de um dos membros do conselho atual, para que o novo nomeado possa ser designado como substituto no conselho e subsequentemente eleito CEO — o que acreditamos que acontecerá neste caso”, afirmaram os analistas.

A Petrobras informou que recebeu na terça-feira solicitação de Prates para que o conselho de administração da estatal se reunisse para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como CEO. A reunião, que pode aprovar sua saída, está marcada para esta quarta-feira.

Em mensagem a amigos obtida pela Reuters, Prates afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu seu cargo, acrescentando que deveria “nomear Magda”. Ele citou ainda que os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, estavam satisfeitos com sua saída.

Prates sofreu críticas e pressões públicas para que a Petrobras investisse mais em gás natural e acelerasse investimentos de interesse do governo, como o setor de fertilizantes e indústria naval. A “fritura” se deveu ainda à cobrança por maior velocidade na execução dos projetos anunciados pela empresa, principalmente em relação à encomenda de navios aos estaleiros brasileiros.