10/10/2012 - 21:00
O investidor em ações enfrenta um cenário desafiador. Além do costumeiro sobe e desce das cotações, é preciso suportar os solavancos ocasionados pelas turbulências internacionais. A crise financeira na Europa, a instabilidade da economia americana e a desaceleração do crescimento chinês afetaram pesadamente os preços das ações. O Índice Bovespa, principal indicador do mercado acionário, não conseguiu romper a barreira dos 70 mil pontos neste ano, e vem oscilando ao redor de 60 mil.
Com isso, os principais papéis do pregão estão sendo negociados com desconto, muitos deles a preços inferiores aos anteriores à crise de 2008. Um bom exemplo são as ações da Petrobras, que estavam cotadas a R$ 29,61 no início de outubro de 2008 e, quatro anos depois, estão sendo negociadas a R$ 22,51. DINHEIRO consultou os principais especialistas para saber se é hora de aproveitar essas pechinchas com as líderes da bolsa, listadas a partir das mais líquidas. Na página seguinte estão os dados de cada ação, incluindo a desvalorização das cotações, nos últimos quatro anos, em termos reais.
O potencial de valorização é elevado devido à melhora da gestão. “A Vale está se desfazendo de ativos pouco rentáveis, como as unidades que produzem caulim e as áreas de exploração de petróleo e gás”, diz Victor Penna, do Banco do Brasil Investimentos (BB-BI). Segundo seus cálculos, a exploração das novas jazidas de minério em Carajás Sul terá um custo 50% inferior ao atual, o que vai beneficiar as margens de lucro da Vale.
médio – O principal risco das ações é sua volatilidade no curto e no médio prazos. Os papéis devem oscilar muito em função das alterações no preço do minério de ferro, que pode variar de US$ 90 a US$ 120, por tonelada, nos próximos anos. “Para o preço do minério subir é preciso que a China cresça de maneira mais sustentada”, diz Leonardo Milani, da Santander Corretora.
O noticiário recente não ajudou as ações da Petrobras, que sofreram com a queda na produção – o primeiro prejuízo em 13 anos – os efeitos do câmbio e a intervenção do governo nos preços dos combustíveis. Por isso, Vitor Miziara, gestor da Gaia Asset, acredita que o papel está barato e que as perspectivas são boas.
médio – O ritmo mais lento da economia global preocupa Leonardo Milani, do Santander, para quem as ações só vão subir se os preços do petróleo se recuperarem, o que não é garantido. Helder Soares, da Claritas Investimentos, avalia que a queda na produção de combustíveis também é um problema. “A importação de gasolina tem custos bilionários”, afirma Soares.
“Sem bancos não há economia”, diz Milani, do Santander. Para ele, o investimento no Itaú Unibanco é vantajoso para quem quer retorno no médio e longo prazo. Para Soares, da Claritas, mesmo que a rentabilidade dos bancos não atinja os 25% ao ano registrados em 2011, ainda permanecerão ao redor de 15%. “O banco também vai emprestar mais com a incorporação da Redecard”, diz.
baixo – A briga dos bancos por menores taxas vai atrapalhar seu desempenho no curto prazo. Além disso, o Itaú enfrenta uma inadimplência elevada, principalmente na carteira de veículos.
Soares, da Claritas, avalia que a aposta na OGX é arriscada, mas diz que as ações da empresa estão muito baratas, e que a companhia vem elevando sua capacidade de produção. “Os preços estão convidativos”, diz.
alto – A produção inferior às expectativas do mercado e aos prognósticos divulgados pela empresa desencoraja os analistas a recomendar o papel. Outra questão é a mudança na contabilidade da OGX, que passará a ser operacional, já na divulgação dos resultados do quarto trimestre.
Miziara, gestor da Gaia, avalia que os papéis da BM&FBovespa são bons pagadores de dividendos e que a queda da taxa básica de juros pode aumentar o número de investidores em renda variável.
moderado – A continuidade da crise financeira internacional pode manter reduzido o volume de negócios na bolsa, prejudicando seu faturamento e seus resultados.
Para Carlos Daltozo, do BB-BI, a ação do Bradesco é a melhor escolha entre os bancos listados em bolsa, pois a seguradora corresponde a 35% dos resultados. “O preço está baixo em relação aos resultados do banco”, diz Daltozo.
baixo – Os riscos são os mesmos apontados para o Itaú: recrudescimento da concorrência e aumento da inadimplência nas carteiras de varejo.
A transferência do controle da Usiminas para o grupo siderúrgico ítalo-argentino Ternium agradou aos analistas, que perceberam sensíveis reduções de custos e melhores margens. A redução do IPI sobre os automóveis deve estimular a venda de aços planos, mas o papel só deve se valorizar no longo prazo.
alto – A empresa enfrenta problemas similares ao da Vale no tocante ao preço de produtos, agravados pelo endividamento elevado. A dívida total da Usiminas, em 30 de junho, era de R$ 9,3 bilhões. “A geração de caixa deve ser negativa até 2013”, diz Milani, do Santander.
Milani, do Santander, afirma que a capitalização de R$ 800 milhões feita na PDG pelo fundo de investimentos Vinci Partners proporcionou uma boa folga para o caixa da empresa. “A PDG deve ganhar escala e aumentar seus lucros”, diz ele. O papel está barato.
alto – As empresas de construção viram suas ações despencar nos últimos meses e os analistas preveem resultados ruins para o setor, ainda por algum tempo.
A redução dos juros nos empréstimos e cartões pode ajudar o Banco do Brasil a aumentar a base de clientes. As ações estão baratas ante o início do ano.
médio – Para os analistas, o fato de o banco estar sendo levado pelo governo, seu principal acionista, a baixar juros e reduzir taxas de administração dos fundos eleva a volatilidade do papel.
A demanda brasileira de aço longo deve aumentar em razão das obras de infraestrutura e do aquecimento da construção civil. O fato pode gerar mais caixa para a Gerdau, elevar as cotações das ações e aumentar o valor do papel e seus dividendos.
moderado – Boa parte dos resultados da siderúrgica vêm de atividades nos Estados Unidos. O governo americano deverá reduzir gastos e elevar impostos em 2013, desaquecendo a economia. “Se o corte afetar o crescimento do Produto Interno Bruto americano, a Gerdau terá problemas”, diz Miziara, da Gaia.