01/02/2023 - 14:52
Durante a reunião da Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac) que ocorreu na semana passada, o presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, manifestou o desejo de assinar um acordo de livre comércio com a China.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o argentino Alberto Fernandez rechaçaram a ideia de imediato. O Ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad, apontou que o país vizinho quer “o melhor dos mundos” fazendo o acordo de livre comércio com a China e permanecendo no Mercosul.
+Uruguai quer “melhor dos mundos”, mas é difícil negociar com China e ficar no Mercosul, diz Haddad
As regras do Mercosul impedem que um país membro da união aduaneira negocie um acordo de livre comércio bilateral. Lacelle Pou defende que bloco se abra mais para o mundo a criticou o protecionismo do Mercosul.
O que o Uruguai quer?
De acordo com o pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV, Leonardo Paz, o Uruguai quer abrir o comércio com a China com o intuito de facilitar a troca de mercadorias para dar uma maior dinamicidade para a sua economia.
“O que o Uruguai quer fazer é simplesmente reduzir tarifas de produtos, ainda não está público quais teriam as tarifas reduzidas ou zeradas. Quer ter mais espaço em um país importante como a China para conseguir vender seus produtos com mais competitividade, penetrando mais no mercado chinês e conseguindo alavancar as suas exportações”, afirmou.
Por que Brasil e Argentina não querem?
O maior ponto de discórdia entre os países é em relação à Tarifa Externa Comum (TEC) que existe dentro dos estados membros do Mercosul. Esse mecanismo garante que os países pratiquem as mesmas tarifas para os produtos que entram e que saem deles.
“Se o Brasil tem uma tarifa de 10% ou 5% em um determinado produto para a China e o Uruguai está praticando essa tarifa a 0%, o que vai acontecer é que vai chegar um monte de produto chinês pelo Uruguai, aproveitando os benefícios de livre circulação entre os dois países. O Uruguai vai virar uma ponte de importação e exportação de produtos chineses para o Brasil”, apontou Paz.
Mercosul e China: um acordo possível?
Em falas após a discussão com Lacalle Pou, o presidente brasileiro afirmou que é possível um acordo entre Mercosul e China, mas somente depois da concretização do acordo com a UE.
“Acredito que o bloco vai sim fazer mais negociações, mas passando por uma estratégia política maior, analisando se isso é bom para o desenvolvimento industrial, econômico e social. Passa por todos esses pontos”, explicou a professora e coordenadora do curso de Relações Internacionais da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap) Marília Pimenta.