Os países do G20, reunidos na Coreia do Sul, acordaram neste sábado a maior reforma já adotada sobre a governança do Fundo Monetário Internacional, equilibrando-a em benefício das potências emergentes, entre elas o Brasil.

“Trata-se da reforma mais importante já adotada da governança do FMI”, declarou o diretor-gerente do organismo, Dominique Strauss-Kahn, qualificando-a como um “acordo histórico”

Esta reforma, de acordo com os objetivos fixados durante o G20 de Pittsburgh (Estados Unidos) em setembro de 2009, aumenta o capital da instituição, os assentos dos países emergentes no Conselho de Administração e amplia suas atribuições quanto à vigilância das políticas monetárias dos Estados.

Prevê uma transferência das cotas de participação em benefício dos países emergentes de 5%, que passa dos Estados sobrerepresentados para aqueles com pouca representação.

Em seu comunicado final, os ministros do G20 garantiram que esta reforma fará com que o FMI seja “mais efetivo, crível e legítimo” e permitirá à instituição “desempenhar seu papel de apoio ao sistema monetário e financeiro mundial”.

O projeto “ainda não é mais que uma proposta que deve ser submetida ao Conselho de Administração do Fundo”, cuja reunião está prevista para o início de novembro, acrescentou Strauss-Kahn. Mas a menos que haja alguma surpresa de última hora, o Conselho ratificará a decisão do G20.

“Esta reforma esperada há tempos reequilibra a balança de poderes para abrir espaço para todas as economias em função de seu respectivo peso”, afirmou a ministra francesa de Economia, Christine Lagarde.

A instituição foi criada em 1944 com o objetivo de garantir a estabilidade do sistema monetário internacional, cujo colapso durante a Grande Depressão dos anos 1930 teve efeitos catastróficos sobre a economia mundial.

Como consequência desta reforma, os dez principais países da instituição serão Estados Unidos, Japão, quatro europeus (Alemanha, França, Grã-Bretanha e Itália) e as principais potências emergentes (Brasil, Rússia, Índia e China).

Os europeus abandonam dois assentos, que deixam para os emergentes, uma decisão “realmente difícil para eles”, reconheceu um funcionário americano.

O presidente sul-coreano, Lee Myung-Bak, havia pedido na sexta-feira aos ministros das Finanças do G20 que alcançassem um acordo sobre esta reforma para “reforçar” a credibilidade das reuniões do G20.

“Teremos um Conselho de Administração completamente legítimo e que será inteiramente eleito”, estimou Strauss-Kahn.

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