09/11/2025 - 16:00
A ministra da Agricultura da França, Annie Genevard, afirmou neste domingo (09/11) que seu país não assinará um acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul que, em “última análise, condene” os agricultores franceses.
A declaração foi dada em entrevista ao Journal du Dimanche e publicada três dias após o presidente Emmanuel Macron expressar impressões “positivas” sobre uma aprovação do acordo comercial entre a UE e o Mercosul.
“Queremos apoiar os nossos agricultores, e é por isso que a França não assinará um acordo que, em última análise, os condene”, disse a ministra.
Na entrevista, ela reafirmou as “linhas vermelhas” da França: “uma cláusula de salvaguarda agrícola específica”, medidas que impeçam a importação para a Europa de produtos agrícolas que não cumpram as normas sanitárias e ambientais europeias e um reforço dos controles sanitários.
Quanto à cláusula de salvaguarda, Genevard insistiu na ideia de “poder acionar um freio de emergência se, por exemplo, o setor [agrícola] for ameaçado por uma queda maciça dos preços relacionada a um afluxo de produtos importados”.
Em suas dúvidas, a França não se sente sozinha, acrescentou a ministra da Agricultura, mencionando Polônia, Áustria, Holanda, Irlanda e Hungria.
Genevard ressaltou que, enquanto todas as garantias exigidas pelo governo francês não estiverem por escrito, validadas e aceitas pelos nossos parceiros do Mercosul, a França manterá sua posição contrária ao acordo.
Macron se mostra otimista
Na quinta-feira passada, em visita ao Brasil para a COP30, Macron se mostrou “bastante positivo” sobre a possibilidade de aprovar o acordo, embora tenha ressalvado que a França se manterá “vigilante”, o que gerou fortes críticas por parte dos partidos políticos e do setor agrícola francês.
Nesse mesmo dia, já no México, o chefe de Estado francês tentou acalmar os ânimos e assinalou que a França “continua esperando respostas claras” antes de dar seu aval ao acordo.
O acordo comercial com o Mercosul, cujo projeto foi validado pela Comissão Europeia em 3 de setembro e deve agora ser aprovado pelos 27 países-membros após uma negociação de décadas, facilitaria a exportação de mercadorias produzidas na UE para os países integrantes do Mercosul, em troca de facilitar a importação no bloco comunitário de produtos sul-americanos.
as (Efe, AFP)
