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Setor perdeu 70% do valor em 2008, mas teve recuperação surpreendente

Eram poucos os que acreditavam em uma recuperação tão rápida. Mas a bolsa brasileira surpreendeu. Ela é o melhor investimento do ano, com valorização média de 50% até agosto. A explicação dos analistas para essa alta é quase unânime. Muitos papéis caíram além do seu valor real quando a crise financeira mundial ficou mais aguda, no segundo semestre do ano passado.

Era natural que, no primeiro sinal da recuperação econômica, essas ações puxassem para cima o desempenho do mercado acionário. Petrobras e Vale, as duas maiores estrelas da BM&FBovespa, são apenas coadjuvantes da retomada, com valorização de 41% e 39%, respectivamente. A grama ficou mais verde no setor da construção civil, um dos mais afetados pela crise e, agora, um dos preferidos dos investidores.

Estudo feito pela TAG Investimentos a pedido da DINHEIRO mostra que um terço dos 381 fundos com mais de R$ 5 milhões de patrimônio líquido rendeu acima da média das ações mais negociadas em 2009. São 116 carteiras com retorno acima do Ibovespa. E entre os cinco melhores no ano até 26 de agosto, quatro são fundos setoriais de construção civil (veja tabela).

O setor imobiliário encerrou 2008 com 70% de perda, o pior desempenho entre os 23 setores da bolsa. Hoje ele é o mais valorizado, com 182% de alta registrada no Índice Imobiliário (Imob), formado por 30 ativos. As maiores altas foram as ordinárias de Tenda (305%), Helbor (267%) e Abyara (244%). O que explica essa performance? “O setor era pó, não era nada. Seus papéis subiram tanto porque foram os que mais haviam caído”, diz Guto Nielebock, analista da Icap Brasil, corretora inglesa que chegou ao País em fevereiro deste ano.

É natural que fundos obrigados a colocar no mínimo 70% de seu patrimônio nesses papéis tenham um desempenho quase espelhado ao do índice setorial. “A estratégia é acompanhar o desempenho do Imob”, confirma Carlos José da Costa André, diretor-executivo do BB Gestão de Recursos. Dos cinco fundos de ações mais rentáveis do mercado até agora, somente o GWI fiAções, que opera altamente alavancado e perdeu 98% do patrimônio em 2008, não é especializado em construção civil. Os outros quatro são geridos de forma conservadora.

O fundo BB Construção Civil FIC ficou no topo da lista, com rendimento de 180%. É o mais popular entre todos, com investimento inicial de R$ 200. Mas, como toda carteira setorial, concentra o risco em um limitado número de papéis. Ainda vale a pena comprar o seu lote? As altas expressivas indicam que uma correção das ações do setor poderá acontecer no curto prazo.

Mas o aquecimento do setor imobiliário tende a ser mais duradouro A queda na taxa de juros está abrindo novas condições de financiamento para a aquisição de imóveis e o programa “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal, é um incentivo à construção e à venda para a população de baixa renda “As empresas que olharem para a baixa renda vão ficar mais bem posicionadas”, afirma Nielebock.

O otimismo volta a rondar empresas que afundaram na bolsa após estreias retumbantes. Para financiar a expansão dos seus negócios, PDG Realty e Rossi Residencial planejam captar recursos com uma nova emissão de ações. Mesmo plano da Multiplan.

Outro ponto que pode reforçar o otimismo com o setor é a consolidação dos grupos. Na semana passada, a fusão entre Agra, Abyara e Klabin Segall criou a Amazon Group Real Estate (Agre). Companhias financeiramente mais fortes podem gerar mais dividendos para seus acionistas.