07/10/2022 - 18:53
NOVA YORK (Reuters) – O ator norte-americano Anthony Rapp, que acusa o ator vencedor do Oscar Kevin Spacey de fazer uma investida sexual indesejada em 1986, quando Rapp tinha 14 anos, testemunhou na sexta-feira em um julgamento civil, dizendo que se sentiu como um “cervo diante dos faróis de um carro” quando Spacey subiu em cima dele em uma festa.
Rapp, que processou Spacey em novembro de 2020 e está pedindo 40 milhões de dólares em indenizações por agressão e inflição intencional de sofrimento emocional, disse no banco das testemunhas no tribunal federal de Manhattan que conseguiu “desviar” de um Spacey embriagado, que tinha na época 26 anos e atuava na Broadway.
Mas a experiência no apartamento de Spacey em Manhattan “perturbou meu senso de pertencimento” na comunidade teatral, disse Rapp.
“Eu era uma criança de 14 anos e não tinha vontade de ter nenhum tipo de experiência como essa na minha vida”, disse Rapp, agora com 50 anos. “Foi incrivelmente assustador e muito aterrador, e totalmente antiético em relação a qualquer coisa que eu já tivesse experimentado.”
Spacey, 63, negou as acusações de Rapp e outras acusações de má conduta sexual. Em sua declaração de abertura na quinta-feira, o advogado de Spacey disse que Rapp inventou o incidente para tentar aumentar seu próprio perfil, já que estava com inveja da carreira de ator mais bem-sucedida de Spacey.
A defesa de Spacey deve interrogar Rapp, que estrelou o musical da Broadway “Rent”, quando o julgamento for retomado na terça-feira.
Spacey ganhou o Oscar de melhor ator em “Beleza Americana” e melhor ator coadjuvante em “Os Suspeitos”, mas sua carreira afundou em grande parte depois que mais de 20 homens o acusaram de má conduta sexual.
A Netflix o tirou de sua série de drama político “House of Cards”, e Christopher Plummer o substituiu no papel de J. Paul Getty em “Todo o dinheiro do mundo” semanas antes do lançamento programado do filme.
Spacey enfrenta um julgamento criminal em Londres no ano que vem depois de se declarar inocente de cinco acusações de crimes sexuais por supostas agressões entre 2005 e 2013.
(Reportagem de Luc Cohen em Nova York)