Boa parte dos esforços por uma vida saudável envolve mudanças nos hábitos alimentares. Entre eles, a substituição do açúcar por adoçantes se tornou bastante popular e até mesmo recomendada por muitos profissionais de saúde. No entanto, um novo estudo aponta que essas alternativas podem não ser tão saudáveis assim.

Publicado há algumas semanas na revista científica Cell, a pesquisa sugere que tanto a sacarina quanto outros adoçantes não nutritivos, como a sucralose, podem alterar o microbioma e afetar a tolerância à glicose. 

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Para realizar o estudo, os pesquisadores consideraram quatro tipos de adoçantes que não possuem conteúdo calórico e populares na dieta humana: sacarina, sucralose, aspartame e estévia. A ideia era saber se eles têm ou não efeito sobre o organismo.

Análise dos adoçantes

Cerca de 120 adultos saudáveis participaram da pesquisa, que os separou em quatro grupos de intervenção e dois grupos de controle. 

Os quatro grupos de intervenção receberam sachês com adoçantes, cada grupo com um tipo; um grupo controle recebeu sachês com doses mínimas de glicose, na mesma quantidade que os sachês dos quatro adoçantes costumam adicionar; e outro grupo controle não recebeu nada.

Essas pessoas receberam as substâncias por duas semanas e tiveram seus microbiomas estudados, assim como seus níveis de glicose no sangue.

“Nossos resultados sugerem que os micróbios intestinais e as moléculas que eles secretam foram alterados nos quatro grupos de consumidores de adoçantes não nutritivos, cada um à sua maneira. Essas mudanças não ocorreram nos grupos de controle. Isso significa que [os adoçantes analisados] não são inertes ao microbioma humano”, explica Eran Elinav, autor do estudo e pesquisador do Weizmann Institute of Science, segundo informações do El País.

O cientista acrescenta que o impacto foi diferente dependendo do tipo de adoçante. “Em relação aos efeitos glicêmicos, estes foram alterados nos grupos completos de humanos que consumiram sacarina e sucralose, mas não nos grupos completos que consumiram estévia e aspartame”.

Isso significa que as respostas do microbioma à exposição dos adoçantes analisados ​​dependem do microbioma de cada um e dos adoçantes consumidos.

Embora a extensão do estudo tenha sido curta, de apenas duas semanas, e os pesquisadores admitirem que são necessárias mais pesquisas, Elinav ficou “surpreso com a velocidade com que as mudanças induzidas” pelos adoçantes estudados se desenvolveram.

Ele reforça o alerta para os distúrbios glicêmicos que os adoçantes podem causar e afirma: “Devemos continuar buscando soluções para o nosso desejo por doces, evitando o açúcar, que é claramente mais prejudicial para a nossa saúde metabólica”.