13/09/2017 - 17:44
O advogado de defesa do presidente Michel Temer, Antônio Cláudio Mariz, admitiu nesta quarta-feira, 13, que cogitou desistir de pedir a suspeição do procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, antes do início do julgamento do pedido pelo pleno do Supremo Tribunal Federal (STF). O fato foi revelado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, antes do início da sessão.
Ele afirmou, porém, que mudou de ideia após a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, decidir que o pedido de suspeição seria analisado primeiro do que o pedido de suspensão de eventual nova denúncia contra Temer, até que a Procuradoria-Geral da República e o Supremo concluam a análise das provas obtidas por meio da delação premiada dos executivos da JBS.
“Eu esperava que pudéssemos fazer uma só sustentação oral, até para economia processual para o próprio tribunal, e, por outro lado, cheguei a aventar, sim, a possibilidade de desistir da suspeição. Mas, na hora em que foi apregoada a suspeição em primeiro lugar e me dada a palavra, entendi que não poderia mais desistir”, afirmou o advogado em entrevista no intervalo do julgamento.
Mariz disse que, em sua avaliação, o pedido de suspeição poderia ser retirado, desde que o pedido de suspensão de eventual segunda denúncia fosse votado. Caso isso tivesse acontecido, ele disse que teria atingido os objetivos dele. “Quais sejam: de fazer esperar que qualquer denúncia apresentada não possa ter curso desde que resolvido o problema na PGR”, declarou.
O advogado evitou classificar como derrota de Temer a decisão da maioria dos ministros do STF de rejeitar o pedido de suspeição de Janot. “Não há surpresa no sentido de que alguma decisão não esperada foi tomada. Poderia ter sido deferida a suspeição, poderia ter sido como foi indeferida. Nós temos absoluta consciência disso”, afirmou Mariz a jornalistas.
Ele afirmou que, na segunda fase do julgamento do STF, não haverá discussão da validade das provas. “Vamos discutir a paralisação ou não de uma eventual denúncia, até que as provas sejam avaliadas. Não podemos discutir provas porque elas estão sendo avaliadas ainda”, disse, lembrando que áudios em que executivos da JBS teriam admitido que alguns fatos foram “forjados” ainda estão sendo analisados.
“Não vamos discutir provas, não é hoje. A PGR não pode concluir (que as provas são válidas), porque ela mandou prender (o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, e Ricardo Saud, ex-executivo do grupo J&F, que controla o frigorífico). Não estou entendendo porque está pondo em dúvida a ilegalidade de algumas provas. O que pode se entender é que essas provas são ilegais”, declarou.
Mariz acrescentou, porém, que há outras provas legais que dão sustentação a outras denúncias. “O que não quero é que essas provas decorrentes desse diálogo (áudio entre Josley e Saud), em que confessam adulteração de provas, sejam utilizadas para nova denúncia. Se existirem outras provas, que se utilizem. Aí vamos rebater, se for o caso, as outras provas”, afirmou.