Uma lufada de otimismo tomou conta do ambiente empresarial quando propostas concretas de modernização da economia entraram no horizonte. Aconteceu na semana passada e o arauto da boa-nova era o presidenciável Aécio Neves. Em dois encontros com representantes do PIB – de uma parcela gorda do PIB, registre-se –, o candidato à sucessão estabeleceu uma verdadeira carta-compromisso de mudanças que, caso adotada, pode decerto recolocar o País no trilho do crescimento sustentável. Havia ali um projeto de governo substancioso. 

 

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Com tudo incluso: da simplificação tributária ao aumento de renda; do corte nos gastos públicos à redução pela metade do número de ministérios; das reformas trabalhista e política à ampliação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que deve abranger também a União. No conjunto, as ideias causaram boa impressão, de maneira unânime, e significaram para aquele público mais que meras promessas eleitoreiras. Demonstraram que o aspirante ao Planalto Aécio estava propositivo, olhando para a frente e oferecendo saídas. Era tudo que CEOs e empresários esperavam e queriam ouvir. 

 

O entusiasmo geral ficou visível. Ao aceitar sugestões dos interlocutores e ir além da crítica pura e simples contra o atual estado de letargia, o tucano encantou a fauna de líderes e obteve uma resposta tão vigorosa que foi, por vezes, aplaudido de pé nos convescotes. É algo sintomático. A falta de canais de diálogo com o poder tem sido uma das queixas recorrentes dessa turma. Não por menos, nos últimos dias o mercado vem manifestando sua clara insatisfação com o governo em vigor. E de tal ordem é essa frustração que a bolsa de valores chega a subir a qualquer rumor de pesquisas eleitorais apontando uma queda na popularidade de Dilma. 

 

Aécio como potencial rival parece, ao contrário, estar cativando. De forma sólida e gradativa. E não se trataria de uma preferência movida por coloração partidária. O que anima os empreendedores é a perspectiva de um novo modelo de gestão. Aécio, ciente desse anseio, vem vocalizando alternativas e atendendo às demandas. Diga-se do candidato que ele, positivamente, vem se cercando de bons quadros para dar cabo a ameaças monetárias, como o repique inflacionário, e ao desequilíbrio da balança comercial. 

 

O ex-presidente do BC Armínio Fraga, que fez escola pela rigidez no controle do cofre, já está escalado como possível ministro da Fazenda de seu governo, caso eleito. A plataforma de Aécio talvez soe subversiva aos ouvidos daqueles que aparelharam o Estado, degradaram estatais e não querem perder o status quo. Mas é notável a carga simbólica da claque desse presidenciável em meio aos que sonham com um país desenvolvido, empenhado em superar suas limitações.