16/10/2014 - 16:35
O candidato à Presidência pelo PSDB, senador Aécio Neves, ganhou um cabo eleitoral de peso no cenário internacional. Trata-se da revista britânica The Economist, uma das mais respeitadas publicações de economia e negócios do mundo. Um de seus editoriais da edição desta semana afirma que “o Sr. Neves merece ganhar. Ele trava uma campanha obstinada e tem provado que sua política econômica pode funcionar.” A revista dedicou a reportagem de capa ao desejo de mudança dos brasileiros. A ilustração diz muito sobre como o País é visto no Exterior neste momento: uma Carmem Miranda aborrecida com as frutas podres e murchas de seu tradicional turbante.
No editorial, a Economist afirma que a “maior ameaça aos programas sociais do PT é o desarranjo da economia”. E termina dizendo que “é mais provável” que Aécio faça o governo de que o País necessita neste momento, que a presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT. O texto acrescenta que Dilma vem explorando, em sua campanha, insinuações sem fundamentos de que Aécio acabará com o Bolsa Família, o programa de inclusão social que é o maior trunfo da petista. A revista também cita as conquistas do tucano, nos anos em que governou Minas Gerais, afirmando que ele pegou um estado falido e o transformou em um “exemplo de boa administração, com algumas das melhores escolas do País”.
Já na extensa reportagem de capa, a Economist relata os avanços sociais do Brasil, nos últimos anos, como a decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) de retirar o País da lista do mapa mundial da fome. A revista informa que, atualmente, mais da metade dos 203 milhões de cidadãos pertence à classe média, mas lembra que esta é a eleição mais disputada desde 1989, quando ocorreu o primeiro pleito presidencial pós-redemocratização. A Economist acrescenta as pesquisas que indicam que três de cada quatro brasileiros esperam mudanças nos próximo governo.
Vítima do sucesso
“Em parte, o PT é vítima de seu próprio sucesso”, afirma a revista. O motivo é que a melhoria nos padrões de vida levou a população a mudar suas atitudes. Dez anos atrás, a fatia de menor renda preocupava-se, sobretudo, com o medo de perder o emprego – ou, então, de pelo menos conseguir um. Agora, o desemprego é o terceiro item na lista de maiores preocupações, atrás da saúde e da segurança. A educação vem em quarto lugar. “Mas o governo brasileiro não tem feito jus a essas aspirações da nova burguesia”, diz a reportagem, citando os baixos investimentos em saúde e os problemas de segurança pública.
O texto observa que o modelo de crescimento econômico implantado pelo PT, que se baseia no fomento ao consumo por meio do crédito, está perdendo fôlego. Sem investimentos na oferta, a inflação vem crescendo e já ultrapassou o teto da meta, chegando a 6,75%. A revista diz que a produção também brecou, levando o País a uma recessão técnica.
Segundo a reportagem, os motivos do descompasso já são conhecidos: sob o governo do PT, a carga tributária subiu de 32,6% para 36,4% do PIB, sem que haja contrapartida na melhoria dos serviços públicos, a tributação é “bizantina”, e os investimentos em infraestrutura são metade do que os países em desenvolvimento aplicam. A iniciativa privada também foi desestimulada a investir no setor, devido à atitude do governo de tentar dirigir as empresas, interferindo em temas como a taxa de retorno das companhias em cada projeto de concessão. Como resultado, a Economist afirma que o investimento “entrou em colapso”, caindo 11% no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período de 2013. “Uma vitória do Sr. Neves elevaria o ânimo dos negócios”, afirma o texto.