A Aegea se vê ‘ansiosa’ por uma eventual participação no leilão de privatização da Copasa, companhia de saneamento de Minas Gerais. A estatal mineira está na fila de privatização e já teve projeto encaminhado ao parlamento do estado.

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Ao Dinheiro Entrevista, o CEO da Aegea, Radamés Casseb, relata que a companhia tem dialogado com atuais e antigos executivos da companhia ‘sobre aprendizados nessa jornada de como melhorar a prestação de serviço público’.

“A gente espera ansioso que a complementariedade do privado possa apoiar nessa jornada de universalização em Minas Gerais. Também é um lugar onde a gente deseja muito estar. É uma companhia que, assim como Sabesp, é uma referência”, diz Casseb.

“Então, a gente espera que a decisão seja tomada, espera que os modeladores sejam contratados e que essa discussão comece pelas vias públicas tradicionais. Ansiosos aqui por ter esse projeto na rua”, completa.

O executivo evitou dar mais detalhes sobre como seria uma eventual participação no leilão de privatização da Copasa, dado que o certame ainda não foi aberto e não está na iminência de ser concretizado.

Privatização da Copasa está em discussão

Ainda nesta quarta-feira, 23, o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), disse à imprensa que a privatização da Copasa segue em discussão.

“Essa é uma concessão diferente, porque ao invés de o Estado cobrar, vamos aportar R$ 7,5 bilhões para a universalização acontecer mais rápido”, disse o mandatário à CNN Brasil.

Ainda em novembro de 2024 o projeto de lei que prevê a privatização da empresa foi enviado ao parlamento.

O modelo desenhado pelo governo de Minas segue a lógica aplicada na Sabesp, com a transferência do controle por meio de venda de ações no mercado.

O desenho prevê a limitação do poder de voto de qualquer acionista a 20% e a manutenção de uma golden share pelo Governo do Estado, desde que o governo preserve ao menos 10% de participação na companhia.

Também estão previstas exigências como a manutenção da sede da empresa em Minas Gerais e o cumprimento de metas regulatórias.

Atualmente, o Estado detém 50,03% das ações ordinárias da Copasa. Com a privatização, essa participação será reduzida para um patamar entre 10% e 20%, o suficiente para manter poder de veto em decisões estratégicas.

A intenção do governo é atrair um acionista de referência, que terá participação relevante, mas limitada em direito a voto.

Ao Dinheiro Entrevista, o antigo CEO da Copasa, Guilherme Faria, afirmou que a privatização da companhia deve ser análoga a da Sabesp, ocorrida ainda em 2024.

O executivo declarou, inclusive, que o governo vê como mais provável a privatização da estatal de saneamento do que a companhia elétrica, a Cemig.

“É intenção do governo avançar com os dois projetos, mas minha percepção é de que a Copasa deve ter uma maior sensibilidade pela sua relação com os municípios e a necessidade de avançar com a universalização do saneamento”, disse Faria.

Um terço da água do Pará será da Aegea

Recentemente a Aegea venceu um leilão que dá a companhia praticamente um terço de todos os municípios do Pará – incluindo Belém, a capital do estado e sede da COP30 em novembro.

Sobre esse tema, Radamés Casseb destacou que não será um grande peso à saúde financeira da empresa, que fechou o ano anterior com uma alavancagem de 4,3 vezes seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

No total são 99 municípios contemplados pelos blocos arrematado pela companhia, que pagou R$ 1,426 bilhão pelos três blocos, dos quais foram R$ 1,168 bilhão pelo Bloco A, que contempla Belém, representando 12% de ágio sobre a outorga mínima.

A decisão vai exigir um capital intensivo nos próximos anos, totalizando R$ 15,2 bilhões em investimentos nos próximos 40 anos. Dessa cifra, são R$ 6 bilhões até o ano de 2030.

O executivo observa que atualmente o Pará é um estado com um dos piores índices de saneamento básico, dado que a capital possui menos de 15% de cobertura de coleta e tratamento de esgoto – e nesse sentido o foco prioritário deve ser na fatia da população menos favorecida.

“Tem um desejo especial de poder contribuir principalmente para populações vulneráveis muito rápido, gerando emprego e criando novos compromissos”, diz o CEO da Aegea.