16/10/2002 - 7:00
Uma esquadrilha brasileira prepara-se para cruzar o Brasil no final deste mês. Destino: o Estado de Colorado (EUA), sede da força aérea americana. Longe de ser um ataque, trata-se de uma operação comercial entre os dois países. Mas repare bem: desta vez, não é a gigante Embraer que representa o Brasil, e sim a desconhecida fabricante de aviões Aeromot, de Porto Alegre (RS). Numa só tacada, a companhia vendeu 14 aeronaves para os EUA no valor de US$ 2,5 milhões. E desbancou ninguém menos que a Diamond, que pertence à gigante Bombardier. ?Estava claro que nossas máquinas eram mais baratas e correspondiam a todas as exigências?, diz o engenheiro Cláudio Viana, fundador e presidente da Aeromot.
Tais máquinas atendem pelo nome de Ximango (um pássaro típico da região sul do Brasil). Ao custo de US$ 140 mil cada, os motoplanadores foram escolhidos para treinar pilotos americanos, principalmente em função da sua economia: voam até 7 horas, sem reabastecimento, e atingem 200 km/h. Não é a primeira vez que a empresa gaúcha consegue superar a concorrência internacional. Ao todo, já foram vendidos 140 aviões Ximango para 15 países, como França e Irã.
A história da Aeromot confunde-se com a de seu criador. Aos 61 anos, Claudio Viana é um dos maiores entendidos em aviação do País. Fanático pelo assunto desde adolescente, fez escola no Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, e entrou para os quadros da Varig. A época era de grande movimentação no setor de aviação brasileiro e não faltavam encomendas. Em 1967, Viana e um amigo decidiram criar sua própria empresa. O objetivo era fazer manutenção para clientes como Varig, Transbrasil e Embraer. Dois anos depois, desenvolvia também poltronas para aeronaves. Foi dela, por exemplo, o projeto de assentos do Bandeirante, o primeiro avião da Embraer. O sucesso deu-lhe projeção nacional e a empresa passou a fabricar motores e aviões. No auge do mercado, no final da década de 80, o faturamento atingiu US$ 18 milhões. Mas com as dificuldades do setor, nos anos 90, esse valor caiu para US$ 10 milhões. A saída para a crise foi literalmente o aeroporto. É de lá que Viana parte para percorrer o mundo, em busca de compradores estrangeiros. ?Estamos vivendo de exportações?, diz o executivo. Só para os EUA, a Aeromot entrega, até o final do ano, 46 Ximangos – 32 para as mãos de compradores particulares. ?É um vôo tranqüilo e gostoso como de um pássaro?, brinca Viana.