28/09/2011 - 21:00
Papéis avulsos
O Paraguai confirmou no domingo 18 a presença de um foco de febre aftosa. Já na segunda-feira 19, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil informou que a suspeita da doença tornaria mais intensa a vigilância sanitária na fronteira. Na terça-feira, porém, o Ministério anunciou a suspensão temporária da importação de animais vivos e produtos in natura provenientes do Paraguai. Os três frigoríficos listados na bolsa desembestaram a informar o mercado que não seriam afetados pelo problema paraguaio. Mesmo assim, a aftosa derrubou os preços dos papéis na terça-feira. As ações da Marfrig caíram 6,8%, apesar de o frigorífico dirigido por Marcos Molina ter informado que não tem operações no Paraguai.
 
 
A JBS, que tem negócios por lá, garantiu que a carne paraguaia vai destinar-se apenas ao mercado local enquanto a ameaça continua. Mesmo assim, as cotações emagreceram 1,7%. Já o frigorífico Minerva informou que suspendeu as operações de abate na unidade paraguaia e que os clientes atendidos por essa planta serão servidos por carne vinda de outras unidades. Suas ações caíram 0,7%. A notícia da aftosa piora um cenário que já vinha prejudicando os papéis de frigoríficos. “A perspectiva de desaquecimento econômico em outros países afeta ações de empresas de consumo que exportam”, avaliam os analistas da corretora Prosper. A recente alta do dólar é mais um anabolizante para as empresas, mas não é 100% eficaz em impedir a queda das ações.
 
 
 
 
 
 
Destaque no pregão
Deu (outro) tilt no Santander 
 
Os problemas na integração entre o Santander e o ABN Amro Real continuam. Entre os dias 20 e 22 de setembro, diversos usuários em São Paulo foram convocados às agências para refazer seus cadastros e poder fazer transações via internet. O sistema passou a exigir que os usuários habilitassem seus computadores novamente. Segundo o banco, o problema é “pontual” e se restringe apenas a computadores novos ou que foram “reconfigurados recentemente”. Os micros travam e os papéis caem. Até a quinta-feira 22, a baixa das units era de 5,6%.
 
Palavra de analista: As novas dificuldades não surpreendem o analista Pedro Galdi, da corretora paulista SLW. “O Santander tem tido muitos problemas na integração com o ABN Amro”, diz. Desde janeiro, suas ações amargam uma baixa de 34%, a maior dentre os grandes bancos. “Mesmo que haja pouca relação com a matriz, as dificuldades na Espanha assustam os investidores”, diz Galdi.
 
 
 
 
 
 
 
Fiscalização
Unipar faz acordo com a CVM
 
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entrou num acordo com conselheiros da União de Indústrias Petroquímicas (Unipar) para encerrar um questionamento da autarquia antes que ele se tornasse um processo administrativo sancionador. Os acionistas Arthur Cesar Whitaker de Carvalho, Frank Geyer Abubakir, Maria Soares de Sampaio Geyer e Vera Soares de Sampaio Geyer apresentaram uma proposta conjunta, pela qual se comprometeram a ressarcir a Unipar em R$ 2,3 milhões, além de pagar à CVM 10% desse valor. Eles vinham sendo investigados por terem aprovado o pagamento de dividendos complementares às ações preferenciais classe A, do exercício de 2009, apesar de a Unipar ter registrado prejuízo no período.
 
 
 
 
 
Quem vem lá
Desenvix avança na abertura de capital
 
A Comissão de Valores Mobiliários concedeu na segunda-feira 19 o registro de companhia aberta para a empresa de energia elétrica Desenvix, primeiro passo para uma possível oferta pública de ações (IPO, sigla em inglês). Os planos da empresa são antigos e já em 2010 a companhia, com sede em Florianópolis, Santa Catarina, realizou uma reestruturação visando captar recursos.
 
 
 
 
Touro x Urso
 
As declarações do Fed, o banco central americano na quarta-feira 21 de que o desempenho da economia mundial será pior que o esperado caíram como uma bomba sobre os mercados. Na semana, até a quinta-feira 22, o índice Bovespa recuou 6,9%, ampliando a queda no ano para 23,1%. Há poucos sinais de melhoria do humor no horizonte. A confirmação de um cenário econômico americano ruim torna mais prováveis novos rebaixamentos de rating, reforçando a busca por ativos mais seguros.
 
 
 
 
 
Educação financeira
 
No livro A vida é o que você faz dela, o autor Peter Buffett, filho do investidor Warren Buffett, narra como trilhou sua carreira fora do mercado financeiro, ao contrário de seu pai, e mostra as possibilidades de realização profissional independentemente de classes sociais. Editora BestSeller, 272 páginas, R$ 29,90.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mercado em números
Vivo 
 
R$ 3 bilhões - É o valor do financiamento aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a operadora de telefonia Vivo. A empresa investirá os recursos na expansão e na melhoria da rede atual, na implantação de infraestrutura para novas tecnologias entre 2011 e 2013, e também para pesquisa e desenvolvimento.
 
 
Unidas
R$ 500 milhões – É quanto a locadora de automóveis Unidas pretende captar numa emissão de debêntures.  Serão emitidas 50 mil debêntures simples, não conversíveis em ações, com valor nominal unitário de R$ 10 mil.
 
 
GOL 
69,6% - Foi a taxa de ocupação no mercado doméstico registrada pela Gol em agosto deste ano, alta de 2,2 pontos percentuais em relação a agosto de 2010. Considerando a malha aérea total, a taxa de ocupação foi de 69,1%.
 
 
 
TAM
64,3% - Foi a taxa de ocupação da TAM no mercado doméstico em agosto de 2011, queda de 4,6 pontos percentuais em comparação com agosto de 2010. Apesar da alta de 0,9% no período, o resultado ocorreu combinado ao aumento de 8,1% da oferta.
 
 
 
 
 
Pelo mundo
Europa vai taxar derivativos
 
A Comissão Europeia estuda tributar as operações com derivativos. As alíquotas não devem ser tão altas que provoquem a migração de negócios. A decisão tem o apoio da chanceler alemã Angela Merkel e do presidente francês Nicolas Sarkozy, mas enfrenta oposição do Reino Unido. 
 
 
 
Goldman deve ter prejuízo
 
Pela segunda vez desde que abriu capital, há 12 anos, o Goldman Sachs deve anunciar um prejuízo trimestral. Analistas do Barclays divulgaram um relatório na quinta-feira 22 estimando que o Goldman deve anunciar um prejuízo de US$ 0,35 devido à desvalorização de ativos imobiliários. A notícia fez as ações cair 5,4%, para US$ 92,58.
 
 
SABMiller compra a Foster
 
Os acionistas da cervejaria australiana Foster, que produz marcas como Pure Blonde Naked, manifestaram sua aprovação na quinta-feira 22 à proposta de compra pela inglesa SABMiller, que ofereceu US$ 10 bilhões pelo controle da Foster. As ações subiram 8%, para 5,28 dólares australianos, o maior nível em quatro anos.
 
 
 
 
Personagem
Technos quer tirar o atraso
 
Após deixar o mercado em 2004, a fabricante de relógios Technos retornou aos pregões neste ano com sua oferta pública de ações (IPO) realizada em julho. Apesar da hora ruim para as bolsas, as ações não atrasaram a vida do investidor e estrearam em alta mesmo com o cenário turbulento. Joaquim Pedro Andrés Ribeiro, presidente da empresa, conversou com DINHEIRO sobre os planos pós-captação.
 
 
Joaquim Ribeiro, presidente: de olho nas aquisições
 
 
Há quanto tempo a companhia se preparava para voltar ao mercado?
Vínhamos preparando nosso retorno desde 2008. Como a companhia havia sido uma empresa de capital aberto até 2004, boa parte da estrutura de gestão de informações e de comunicação com o mercado estava pronta. Ainda assim, queríamos melhorar controles e processos. Tanto que voltamos com as nossas ações sendo negociadas no Novo Mercado [mais alto nível de governança corporativa da bolsa].
 
Não ter concorrentes na bolsa é positivo?
Sim, é mais um ponto de diferenciação da companhia em relação à concorrência. Temos uma boa estrutura empresarial, nossa fatia de mercado supera os 30%, e agora estamos na Bolsa, o que se torna outro diferencial.
 
O fato de não haver outras empresas do setor no mercado acionário dificulta a avaliação pelo investidor?
Embora não haja concorrentes, eles podem comparar as perspectivas para nossa empresa com a de grandes companhias de varejo no Brasil, que já estão na bolsa. 
 
Como será usado o valor captado no lançamento de ações?
Ele abre uma possibilidade maior de investirmos no crescimento da companhia, tanto via novas marcas como no portfólio já existente e pontos de distribuição. 
 
A empresa pretende comprar marcas?
Pode ser. Temos um plano calcado principalmente no crescimento orgânico, que é o que acreditamos ser o mais saudável. Mas agregar novas marcas, seja por aquisições, seja por licenciamento, ou desenvolvimento interno, também é um ponto importante. 
 
Como a extensão do licenciamento da marca de relógios Mormaii beneficia a empresa?
Primeiro, prolonga por 15 anos uma parceria que já existe há uma década. A Mormaii saiu de uma posição de mercado pequena para se tornar a maior marca de relógios esportivos do Brasil. O contrato abre espaço para um crescimento maior. Além disso, podemos explorar novos pontos de venda no País e no Exterior.
 
Em que outros países?
Temos por referência a América Latina. Esse poderá ser um bom primeiro passo para os próximos anos.
 
 
 
Colaboraram Lilian Sobral e Carlos Eduardo Valim