A agência de classificação de risco Moody’s elevou nesta terça-feira, 1º, a nota do Brasil de Ba2 para Ba1 e manteve a perspectiva positiva, afirmando que a atualização reflete melhorias materiais no crédito que a instituição espera que continuem. Com a mudança, país fica mais próximo do nível de grau de investimento, perdido em 2016.

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Segundo a Moody’s, o crescimento nos próximos anos permanecerá amplo, com a demanda interna impulsionada por um mercado de trabalho relativamente forte.

“Essa revisão ocorre poucos meses após a agência ter atribuído a perspectiva positiva ao rating do país, em maio de 2024, o que reforça a tendência de melhora das notas de crédito, iniciada em 2023. O Brasil agora está a um passo do grau de investimento pela Moody’s”, disse o governo em nota sobre a nova classificação.

A agência aponta que houve “melhorias materiais de crédito” do país, incluindo um “desempenho de crescimento mais robusto do que o avaliado anteriormente e um histórico crescente de reformas econômicas e fiscais que emprestam resiliência ao perfil de crédito”, mas pondera ao citar uma “estrutura fiscal do Brasil ainda moderada, conforme refletido em um custo relativamente alto da dívida”.

Fiscal: “fator limitante”

Para a Moody´s, a rigidez estrutural dos gastos e ao aumento dos gastos obrigatórios, como previdência social, programas de assistência social e gastos com saúde e educação formam um fator limitante na eficácia da política fiscal do Brasil

“Essas limitações pesam na credibilidade da política fiscal e complicam os esforços contínuos para cumprir as metas fiscais, o que prejudica a eficácia da política e contribui para prêmios de risco relativamente altos.”

Pib surpreende

A agência destaca que o desempenho econômico “surpreendeu positivamente em 2022-24”, e seria reflexo, em parte, de fatores cíclicos, e do impacto das reformas estruturais. Com isso, revisa sua projeção de crescimento real do PIB para 2,5% em 2024 e, no médio prazo, “um desempenho de crescimento muito mais sólido em comparação aos anos pré-pandemia, em parte resultado de reformas estruturais implementadas em sucessivas administrações relacionadas a uma série de áreas políticas.”

A Moody´s observa que um crescimento mais forte se expandiu para os setores da indústria e de serviços, e que foi apoiado por maiores investimentos. O fato, reforça as expectativas de que um crescimento mais robusto persistirá, afirmou a agência. “Nos próximos anos, prevemos que o crescimento permanecerá amplo, com a demanda doméstica impulsionada por um mercado de trabalho relativamente forte – em comparação com o passado do Brasil – e salários reais mais altos.”

“Defesa” pelo aumento na classificação

No início da semana passada, ministro Fernando Haddad reuniu-se com representantes de agências de classificação de risco em Nova York. Na ocasião, o ministro defendeu que as agências de classificação de risco elevem o Brasil a grau de investimento, com selo de garantia de bom pagador e de que o país não corre risco de dar calote na dívida pública. Ele disse que nem os investidores internacionais compreendem a nota atual do país, que está duas classificações abaixo de grau de investimento.

“O Brasil é credor internacional, tem um superávit comercial [em torno] de U$$ 100 bilhões, é o segundo ou terceiro destino de investimentos privados estrangeiros, e está sendo procurado por diversos países e fundos soberanos para apresentar seus projetos de investimento. Para essas entidades, também não faz sentido que a oitava maior economia do mundo, com US$ 350 bilhões em reservas [internacionais], ainda não tenha grau de investimento”, afirmou.