O Ibovespa opera com indefinição desde o início do pregão desta segunda-feira, 24, apesar da valorização das commodities e do tom positivo dos índices futuros de ações em Nova York, bem como da elevação de 0,44% do minério de ferro em Dalian, na China.

Outro ponto que poderia estimular para cima o indicador, segundo analistas, é o alívio nas estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano e do seguinte no boletim Focus, e para a Selic de 2026.

Porém, a agenda desta semana está repleta aqui e nos Estados Unidos e impõe cautela. Ficarão no foco principalmente o IPCA-15 de novembro, dados do mercado de trabalho brasileiro e o PCE, índice de preços predileto do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que poderão ajudar a calibrar as expectativas para juros no Brasil e nos EUA.

Na visão de Bruna Sene, analista de renda variável da Rico, investidores do mercado de ações brasileiro demonstram um pouco mais de cautela. “Vejo esse movimento como uma continuidade de um movimento de correção que se iniciou na semana passada, e isso depois de 15 pregões consecutivos de alta. Um movimento de correção seria de certa forma natural”, diz.

Além disso, investidores monitoram os desdobramentos da prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro nesta última semana de novembro, interrompida pelo feriado de Ação de Graças nos EUA, na quinta-feira.

Em meio à falta de grandes catalisadores e ao feriado nos EUA na quinta-feira, a tendência é que o mercado de renda variável na B3 opere “de lado”, estima o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. Essa expectativa ocorre antes de uma série de indicadores aqui e nos EUA que poderá ajustar apostas para as respectivas políticas monetárias e em meio a renovadas preocupações fiscais.

Laatus cita a votação esperada para amanhã no Senado do projeto de lei que regulamenta a aposentadoria especial de agentes de saúde e de combate às endemias, classificada como pauta-bomba. Outro ponto é que, conforme, ele o mercado viu a retirada de 40% das tarifas a alguns produtos brasileiros como fortalecimento do governo, algo que desagrada os agentes financeiro. “Ou seja, não é o cenário maravilhoso para Brasil neste momento e a Bolsa está esticada”, diz.

No caso das tarifas, Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB Investimentos, menciona que poderia ter ocorrido melhora nas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no Focus, o que não ocorreu. “Não houve, mas não deixa de ser algo positivo”, avalia. A estimativa para o PIB de 2025 seguiu em 2,16%.

Porém, houve redução na estimativa para o IPCA de 2025, que passou de 4,46% para 4,45%. A taxa está 0,05 ponto porcentual abaixo do teto da meta, de 4,50%. A projeção para o IPCA de 2026 foi de 4,20% para 4,18%. Quanto à Selic, a expectativa para este ano prosseguiu em 15%, mas foi diminuída de 12,25% para 12% em 2026 e de 10% para 9,75% em 2028.

Segundo o economista André Perfeito, trata-se de quedas discretas, mas reiteram que o esforço do Banco Central pode estar compensando após meses de taxas fortemente contracionistas.

Também saiu a arrecadação de outubro, que somou R$ 261,908 bilhões. O montante ficou pouco abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de R$ 264,5 bilhões. As estimativas do mercado iam de R$ 216,5 bilhões a R$ 275,4 bilhões. Ainda hoje, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, palestra em almoço anual da Febraban. Investidores monitoram ainda os riscos envolvendo o Banco de Brasília após a liquidação do Master e avaliam o relatório bimestral de receitas e despesas do 5º bimestre, enviado ao Congresso, informado na sexta-feira.

O mercado monitora também os desdobramentos da prisão preventiva de Bolsonaro decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, no sábado. Para Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil, a notícia pode gerar alguma instabilidade nos mercados, mas sem grandes influências, dado que as atenções recaem para o pleito de 2026. Segundo ele, o que pode dominar é o comportamento dos juros dos Treasuries, em meio a sinais distintos sobre a política monetária dos EUA.

Após a B3 ficar fechada na quinta-feira, o Ibovespa encerrou o dia seguinte com queda de 0,39%, aos 154.770,10 pontos, com perda de 1,88% na semana, mas ganho de 3,50% no acumulado de novembro.

Às 11h18, o Índice Bovespa subia 0,17%, aos 155.033,42 pontos ante alta de 0,39%, na máxima em 155.374,73 pontos, e recuo de 0,16%, na mínima em 154.529,17 pontos, vindo de abertura em 154.769,37 pontos, elevação de 0,01%.