Em uma lotada sala de hotel em São Paulo, na quinta-feira 24, foi decidido o preço do que já foi o maior templo do consumo de luxo do País. O empresário Marcus Elias, controlador do fundo de investimentos Laep, que também comprou a Parmalat em 2006 durante a recuperação judicial, desembolsará R$ 65 milhões pela butique de luxo Daslu, de Eliana Tranchesi. 

Esse valor inclui um crédito de R$ 44 milhões em dívidas da antiga Daslu e ainda um aporte de R$ 21 milhões, dinheiro novo que entra na empresa. No auge, a loja já vendeu as marcas mais caras e requintadas do mundo. 

 

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Marcus Elias: ”O valor da dívida da Daslu é compatível com o negócio”

 

Mas com a prisão de sua fundadora, acusada de formação de quadrilha, fraude em importações e falsificação de documento, em 2005, a Daslu foi perdendo o brilho e acumulou uma dívida de R$ 80 milhões com os credores. Mesmo assim, ainda tem um faturamento de R$ 250 milhões. 

 

“Compramos a Daslu pelo atrativo da marca”, disse Elias, com exclusividade à DINHEIRO, da Indonésia, onde se encontra em visita a templos budistas. “Ela tem o maior tíquete médio do mercado de moda e o maior valor de venda por metro quadrado.” 

 

A compra, ainda pendente de autorização judicial, será feita através de duas empresas controladas pela Laep, a Chipilands e a Retail, e não inclui o passivo fiscal, estimado em R$ 1 bilhão – esse valor é contestado pelos advogados de Eliana. 

 

Elias herdará R$ 80 milhões de dívida da Daslu. Parte dela, R$ 44 milhões, será assumida por Elias. O restante, R$ 36 milhões, terá deságio de 60% (R$ 21,5 milhões), que pode ser pago em 72 parcelas. 

 

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Desmonte: lojistas abandonam o prédio da Villa Daslu, em São Paulo

 

Com isso, os credores só receberão 40% do que é devido a eles. “Foi sim um belo negócio, mas para eles”, disse à DINHEIRO um dos credores, que votou contra a proposta e prefere não ser identificado. “O valor da dívida é compatível com o negócio”, afirmou Elias.

 

Com experiência em adquirir empresas em processo judicial, como é o caso da Daslu, Elias passa a controlar a marca e uma das duas lojas de Eliana – uma funciona no shopping Cidade Jardim e a outra será inaugurada no futuro shopping JK, ambos em São Paulo. Eliana tem o direito de permanecer com uma delas, mas como franqueada. 

 

Ao saber do resultado da reunião dos credores, a empresária comemorou muito, beijando as vendedoras de sua loja. Ela vai enviar carta para clientes e funcionários com teor otimista sobre a recuperação da marca, disse uma fonte próxima a Eliana.  

 

Elias, por sua vez, se preparava para sua próxima tacada. Da Indonésia, irá para Portugal e Espanha. Seu alvo é comprar a Empark, uma das maiores redes de estacionamento da Península Ibérica, que ele pretende trazer para o Brasil.