02/04/2008 - 7:00
NO INÍCIO DO ANO, O multibilionário indiano Ratan Tata surpreendeu os executivos da indústria automotiva global ao anunciar a produção do Nano ? o carro mais barato do mundo, que será vendido por módicos US$ 2,5 mil. Na semana passada, ele deu mais uma demonstração do tamanho de seu apetite nesse mercado. Numa só tacada, o empresário assumiu o controle da Jaguar e da Land Rover, cujos modelos podem chegar a US$ 188 mil. Pagou US$ 2,3 bilhões pelas marcas britânicas que integravam o portfólio da americana Ford Motor Company. Mais do que adicionar capacidade produtiva e glamour à Tata Motors, a transação abre novos horizontes para o empresário cujos veículos estavam confinados aos limites da fronteira da Índia. Além de dois ícones do segmento de luxo, a montadora terá acesso ao que existe de melhor, por exemplo, em tecnologia para automóveis robustos (off-road). ?A Land Rover incorporou diversas inovações desenvolvidas pela BMW, uma de suas antigas controladoras?, destaca o analista Paulo Cardamone, diretor da consultoria CSM Worldwide. A Land Rover, no ano passado, atingiu recorde de vendas no mundo. Cresceu em regiões importantes como a China (+249%) e a Rússia (+105%), e liderou a lista dos importados de luxo mais vendidos do Brasil, com 3.245 unidades.
A Jaguar tem como principal atrativo o grande prestígio junto aos integrantes do topo da pirâmide de consumo. Isso, no entanto, não se reflete nos resultados financeiros da companhia, que opera há muitos anos no vermelho. Um problema que, segundo Cardamone, pode ser solucionado por meio de acordos operacionais. Uma opção é o aprofundamento da parceria que a Tata possui com a italiana Fiat. ?As lojas da Jaguar se constituem em ótimas vitrines para a Alfa Romeo e a Maserati nos Estados Unidos, país no qual as grifes italianas controladas pela Fiat ainda não têm espaço?, destaca. Especulações à parte, o certo é que a venda representa um alívio para o caixa da Ford, cujo balanço acumula prejuízo de US$ 15 bilhões nos últimos dois anos.