Apesar da já alta participação do agronegócio na atividade econômica brasileira, a expectativa do CEO da SLC Agrícola, Aurélio Pavinato, é de que o setor siga crescendo. Ainda assim, o executivo observa que somente o setor não conseguirá sustentar uma melhora econômica substancial de longo prazo e fazer do Brasil um ‘país rico’.

+Accenture acabou com cotas, mas ‘continua fazendo diversidade acontecer’, diz CEO

+Taesa não quer ‘leilão a qualquer preço’, diz CEO

Ao Dinheiro Entrevista, o executivo da SLC Agrícola comenta que ‘com toda a certeza o agronegócio brasileiro vai crescer muito nos próximos anos’.

“Temos uma demanda mundial por produtos agrícolas que continua crescendo, vem crescendo há 50 anos a 2% ao ano. A pergunta é quem que vai fornecer essa produção adicional? Historicamente, 3/4 dessa demanda vem sido suprida via produtividades, e 1/4 tem sido suprido via aumento de área plantada, e o Brasil exerceu um papel importantíssimo nos últimos 50 anos de expansão da área plantada para atender a demanda”, explica.

“Quando pensamos nos próximos 25 anos, a demanda vai seguir crescendo, a área plantada no Brasil vai continuar crescendo, porque temos área disponível segundo dados da Embrapa. Dos 159 milhões de hectares de pastagem temos 28 milhões de hectares com médio e alto potencial para produção de culturas anuais”, conclui o CEO da SLC Agrícola.

Nesse sentido, frisa que a produtividade do agronegócio do Brasil tem crescido mais do que no mundo, saltando 2,5% em 2024 ante uma média mundial de 1,5%. Na segunda safra, o Brasil mostrou alta de 3% na produtividade.

Sobre a participação do agro no PIB, o executivo observa em tom bem humorado de que gostaria de que fosse um percentual que não crescesse ainda mais – sinalizando para um cenário de crescimento econômico mais pulverizado dentre os setores.

“O share, a participação do agro no PIB, vai continuar crescendo? Eu gostaria que não crescesse, que o setor industrial crescesse muito. Temos um agro industrial que tem um espaço para crescer e exportar tecnologia. Somente com o agro o Brasil não vai se transformar num país rico, com US$ 40 mil ou US$ 50 mil de renda per capita, que hoje é próxima de US$ 10 mil”, avalia.

“Vamos nos transformar num país se continuarmos crescendo o agro e crescermos também serviços de valor agregado e indústria. Mas indústria numa visão de serviços, no modelo americano. Hoje se você olhar o modelo americano de desenvolvimento industrial, ele é muito mais serviços do que manufatura. O Brasil precisa evoluir nessa direção para nos transformarmos num país rico. O agro vai fazer seu papel, crescer o PIB, mas espero que consigamos crescer os demais setores”, completa.

Qual o tamanho do agro no PIB

Olhando para o agronegócio como um todo – que inclui agricultura, pecuária, agroindústria e agrosserviços – a participação no PIB brasileiro de 2024 foi de 23,5 %, sendo o setor mais representativo.

Somente a agropecuária – ou seja, produção dentro da porteira -foi responsável por 5,58 % do PIB brasileiro na leitura em questão.

Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estimam que quando considerando o desempenho geral da economia brasileira até então, o PIB do agronegócio pode representar 29,4% da atividade econômica nacional neste ano.

O PIB do setor em si avançou 6,49% no primeiro trimestre de 2025 ante igual etapa do ano anterior.

SLC Agrícola vale R$ 8 bilhões

A SLC Agrícola opera no setor de produção de grãos e fibras em larga escala e tem capital aberto desde 2007, com ações negociadas na B3 sob o código SLCE3.

Com operações em oito estados brasileiros, a companhia cultiva uma área de aproximadamente 830 mil hectares, divididos entre 26 propriedades rurais.

No acumulado de 2024, a empresa do agronegócio registrou R$ 6,91 bilhões em receita líquida. Já seu valor de mercado, com base nas informações mais recentes do Status Invest, está estimado em R$ 8,09 bilhões.