18/01/2022 - 19:46
Dizer que o agronegócio sustenta a economia do País poderia até ser força de expressão de quem vive o setor de perto. Mas os números estão sempre comprovando essa condição, tanto dentro quanto fora das fronteiras brasileiras. Se por um lado o agro representa mais de 26% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), por outro foi também o único setor superavitário na balança comercial em 2021. O saldo passou de US$ 105 bilhões, valor quase 20% maior do que o registrado em 2020.
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Esses dados sobre a balança comercial do agro acabam de ser divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão vinculado ao Ministério da Economia. De acordo com a instituição, as exportações agropecuárias passaram de US$ 120 bilhões, um novo recorde nacional, enquanto as importações somaram pouco mais de US$ 15 bilhões. O estudo mostra ainda que os demais setores da economia brasileira fecharam 2021 com déficit de quase US$ 44 bilhões. Entre os produtos que mais se destacaram, sobretudo quanto à valorização, estão os do complexo da soja (grãos, farelo e óleo), as carnes bovina e de frango e açúcar.
Segundo o relatório do Ipea, 2021 foi um ano de recuperação de preços, considerando que todas as 15 commodities acompanhadas apresentaram alta nas cotações médias. A exemplo dos valores do óleo de soja, que avançaram 78%, e dos preços de couros (e produtos derivados), com aumento de 63%. Sem dúvida, a elevação do dólar frente ao real e a demanda internacional contribuíram para tais resultados, mas não faltaram desafios nessa trajetória. O ano passado marcou a agropecuária brasileira também por excesso e falta de chuvas, geadas, barreiras sanitárias e comerciais, problemas de logística, entre outros fatores.
Para este ano, a perspectiva é de que o desempenho da balança comercial do agro seja ainda melhor, levando-se em conta as boas estimativas de safra e a maior agregação de valor aos produtos nacionais. Além da contribuição das entidades que representam as cadeias produtivas agropecuárias, pois realizam um trabalho permanente junto aos compradores internacionais, seja para manutenção de mercados, seja para a conquista de novos consumidores. É assim que o Brasil agro tem garantido sua entrada no território de diversas nações e ocupado mais espaço no mapa do comércio internacional com grãos, proteína animal, algodão, madeira e celulose, açúcar, frutas, sucos e por aí vai.