07/09/2022 - 11:36
As manifestações políticas durante as celebrações de Sete de Setembro de 2021 ficaram marcadas pela afronta a instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF). A crítica, a discordância, os protestos, as reivindicações, tudo isso faz parte da construção de uma sociedade democrática. Mas há uma linha clara e nada tênue entre posicionamento político e ameaça. Críticas ou crime propriamente dito.
Representantes do agronegócio não são apenas presença garantida, nesta quarta-feira, em Brasília, com caravanas e ‘tratociata’. Eles marcham para a capital federal muito mais para engrossar o coro das manifestações em favor da reeleição do presidente Jair Bolsonaro do que para acompanhar as celebrações cívicas pela data. Outros ruralistas também se mobilizam em diversas partes do País.
+ Em aceno do agronegócio a Bolsonaro, 28 tratores desfilam na Esplanada
Se a convocação para fazer parte desses atos, com anúncio em outdoors, e o próprio deslocamento são patrocinados por pessoas e instituições que integram o agronegócio, o setor também se torna responsável, mesmo que indiretamente, pelos resultados dessas manifestações. Não há dúvidas de que vão influenciar a relação do meio rural com a sociedade de maneira geral. Vale lembrar que, segundo diversas lideranças do próprio setor, um de seus principais desafios é conseguir ter uma comunicação mais clara e dieta com o meio urbano.
Desafio e tanto, ainda mais em datas e contextos como o de hoje. Parte do agronegócio reage rapidamente quando se sente atacada, recorre à agilidade das redes sociais, mas às vezes combate uma crítica, que pode ser útil, com a mesma intensidade usada diante de uma fake news, que é de fato uma mentira. E, dependendo da estratégia de comunicação, pode acabar se tornando um monólogo.
O 7 de Setembro também é uma data importante para refletir sobre uma sociedade mais integrada. Vale lembrar que a proclamação da independência do Brasil não levou em conta a escravidão, que só foi abolida 65 anos depois.