As manifestações políticas durante as celebrações de Sete de Setembro de 2021 ficaram marcadas pela afronta a instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF). A crítica, a discordância, os protestos, as reivindicações, tudo isso faz parte da construção de uma sociedade democrática. Mas há uma linha clara e nada tênue entre posicionamento político e ameaça. Críticas ou crime propriamente dito.

Representantes do agronegócio não são apenas presença garantida, nesta quarta-feira, em Brasília, com caravanas e ‘tratociata’. Eles marcham para a capital federal muito mais para engrossar o coro das manifestações em favor da reeleição do presidente Jair Bolsonaro do que para acompanhar as celebrações cívicas pela data. Outros ruralistas também se mobilizam em diversas partes do País.

Em aceno do agronegócio a Bolsonaro, 28 tratores desfilam na Esplanada

Se a convocação para fazer parte desses atos, com anúncio em outdoors, e o próprio deslocamento são patrocinados por pessoas e instituições que integram o agronegócio, o setor também se torna responsável, mesmo que indiretamente, pelos resultados dessas manifestações. Não há dúvidas de que vão influenciar a relação do meio rural com a sociedade de maneira geral. Vale lembrar que, segundo diversas lideranças do próprio setor, um de seus principais desafios é conseguir ter uma comunicação mais clara e dieta com o meio urbano.

Desafio e tanto, ainda mais em datas e contextos como o de hoje. Parte do agronegócio reage rapidamente quando se sente atacada, recorre à agilidade das redes sociais, mas às vezes combate uma crítica, que pode ser útil, com a mesma intensidade usada diante de uma fake news, que é de fato uma mentira. E, dependendo da estratégia de comunicação, pode acabar se tornando um monólogo.

O 7 de Setembro também é uma data importante para refletir sobre uma sociedade mais integrada. Vale lembrar que a proclamação da independência do Brasil não levou em conta a escravidão, que só foi abolida 65 anos depois.