A Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou nesta terça-feira, 14, que os atuais termos de uso das redes sociais administradas pela Meta “não estão adequados à legislação brasileira e não são suficientes para proteção dos direitos fundamentais da cidadania”, após mudanças adotadas recentemente pela empresa.

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A avaliação foi feita após a AGU receber da Meta resposta a um pedido de manifestação feito pelo órgão governamental à empresa após o presidente-executivo da companhia, Mark Zuckerberg, anunciar mudanças na política de moderação de conteúdo e o fim do programa de checagem de fatos nas redes da empresa nos Estados Unidos.

“Alguns aspectos constantes no documento da Meta causam grave preocupação na AGU e em órgãos do governo federal. Especialmente a confirmação da alteração e adoção, no Brasil, da Política de Conduta de Ódio que, à toda evidência, pode representar terreno fértil para violação da legislação e de preceitos constitucionais que protegem direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”, disse a AGU.

“As informações prestadas pela Meta também contrariam afirmações realizadas pela empresa em recentes manifestações proferidas no curso da discussão sobre o Marco Civil da Internet, no âmbito de processos em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Em tais manifestações, representantes da empresa asseguraram que as então políticas de governança de conteúdo eram suficientes para a proteção dos direitos fundamentais dos usuários”, acrescentou.

A AGU disse ainda que, diante desta avaliação, realizará em conjunto com os ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos, além da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, audiência pública na quarta-feira, 15, para discutir as mudanças feitas pela Meta e “as medidas a serem ser adotadas com o objetivo de assegurar o cumprimento da legislação nacional e a proteção de direitos”.

O que disse a Meta

Na resposta ao pedido de explicações da AGU, a Meta reiterou que, “no momento”, o fim da checagem de fatos acontecerá somente nos EUA e que a medida será testada lá antes de ser eventualmente adotada em outros países.

A Meta disse ainda estar comprometida com a liberdade de expressão, que chamou de “direito humano fundamental que permite o exercício de muitos outros direitos”, mas disse reconhecer que “formas abusivas do exercício desse direito podem causar danos, especialmente para grupos vulneráveis”.

A empresa disse que, embora bem-intencionados, seus esforços de gerenciamento de conteúdo em suas redes sociais foram ampliados “até o ponto de termos às vezes exagerado na aplicação de nossas regras, limitando debate político legítimo e, com frequência, impedindo a livre expressão que pretendemos viabilizar”.

“As mudanças recentemente anunciadas pretendem enfrentar essa questão, como parte de nosso compromisso contínuo de melhorar e buscar o equilíbrio ideal entre a liberdade de expressão e segurança”, disse a empresa, afirmando que continuará a “priorizar a segurança e privacidade” dos usuários e “a levar a sério nosso papel de eliminar abusos de nossos serviços”, sem dar detalhes.

Sobre as mudanças na Política de Conduta de Ódio, a Meta afirmou que o objetivo das alterações é “garantir maior espaço para a liberdade de expressão”.