O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que a Advocacia-Geral da União (AGU) vai entrar na Justiça contra cláusulas do processo de privatização da Eletrobras, chamado por ele de “leonino”. Lula citou a trava para reestatização da empresa que exige o pagamento do triplo da maior cotação do papel alcançada em dois anos para fazer uma oferta pelas ações ordinárias.

“Se amanhã o governo tiver interesse de comprar as ações, as ações para o governo valem três vezes mais do que o valor normal para outro candidato. Foi feita uma quase bandidagem para que o governo não volte a adquirir maioria na Eletrobras”, afirmou o presidente em encontro com a “mídia independente”. “Isso é uma coisa irracional, maquiavélica que nós não podemos aceitar.”

Ainda assim, Lula ressaltou que não vai comprar ações da Eletrobras nesse momento. “Até porque o pouco dinheiro que a gente tiver nós vamos ter que cuidar dos benefícios que o povo está precisando que a gente faça”, disse o petista. “Se a gente conseguir fazer a economia crescer e as coisas forem bem, e a gente puder comprar mais ações, a gente vai comprar”, acrescentou.

“O que posso dizer é que foi um processo errático. Foi um processo leonino contra os interesses do povo brasileiro. Foi uma privatização lesa-pátria. A começar pelo salário dos diretores, salário dos conselheiros e a começar pelo fato que governo só tem 10% da participação quando tem 40% das ações”, declarou Lula, que cobrou participação na direção da empresa.

Para Lula, o Brasil precisa “ler” sobre a privatização da Eletrobras. “Os diretores aumentaram o salário de R$ 60 mil para R$ 360 mil. Você sabe quanto ganha um conselheiro da Eletrobras? R$ 200 mil por mês para ir numa reunião por mês”, disparou o presidente.