26/03/2010 - 6:00
Há cerca de dez anos, o empresário Adalberto Martins, 53 anos, andava pelo Iracema Falls, resort de propriedade de seu pai, Orígenes, no município de Presidente Figueiredo, a 100 quilômetros de Manaus, quando olhou de uma forma diferente para o belo cenário natural que o circundava. Ele enxergou no terreno de 1,5 mil hectares, onde há sete cachoeiras, duas grutas e três fontes de água, uma grande oportunidade de negócios que passam bem longe do setor de turismo.
?Já bebia a água de lá e resolvi verificar se poderia comercializá-la?, diz Martins. ?Coletei uma amostra e mandei fazer a análise em Michigan, nos EUA. Os próprios analistas não acreditavam no alto grau de pureza?, conta. A equipe de pesquisadores veio, então, ao Brasil, e fez outros estudos. ?Eles concluíram que nossa água tinha teor de bicarbonato, de magnésio e de nitrato próximo a zero. Isso indica que a água proporciona uma hidratação maior?. Com os dados em mãos, o empresário resolveu pôr em prática um ambicioso plano: criar uma marca de água de luxo com presença internacional. Batizada de Equa, ela começa a ser distribuída em cidades americanas da Califórnia e do Texas, em junho.
Martins, o sócio: “Em junho, já começamos a distribuir a água no mercado americano”
O responsável pela entrada da marca no mercado americano é o empresário mexicano Antúrio Tamayo, que vive nos EUA. ?Nos conhecemos em um almoço na casa de um amigo e ele se empolgou com o projeto. Hoje, Antúrio é CEO da empresa e cuida da comercialização e distribuição da Equa fora do Brasil?, diz Martins. Os próximos passos são Arábia Saudita, Dubai e Coreia do Sul. O foco parece mesmo ser o Exterior. Afinal, o primeiro escritório da empresa foi montado nos EUA. ?Aqui em Presidente Figueiredo, cuidamos da produção. A água será engarrafada ao lado da fonte e embalada na hora?, fala Martins. A distribuição se dará em duas frentes. Nos EUA, a água será encontrada em lojas e empórios de produtos orgânicos. No Brasil, será vista em restaurantes requintados.
Números otimistas: No primeiro ano de operação, as vendas da Equa deverão render um faturamento de US$ 30 milhões
Até o fim de 2010, os sócios esperam vender 20 milhões de garrafas e faturar cerca de US$ 30 milhões. Dentro de cinco anos, a meta é chegar a 150 milhões de unidades vendidas. A princípio, a participação das vendas brasileiras não deve ser tão elevada. Afinal, o mercado nacional, que movimentou R$ 1,4 bilhão em 2009, ainda é pequeno se comparado ao externo.
?Em termos de águas superpuras e de maior valor agregado, não há um competidor relevante no País?, explica Alfredo Pinto, sócio da consultoria de mercado Bain & Co. Enquanto nos Emirados Árabes Unidos são consumidos anualmente 280 litros per capita e nos EUA, 106 litros, o brasileiro aparece com 37 litros por pessoa. Além disso, o consumo de águas de alto valor agregado tende a ser maior em países onde a cultura do vinho é mais forte. ?A Argentina tem mais essa cultura do que o Brasil. Na medida em que a cultura do vinho for mais difundida por aqui, as águas premium podem pegar uma carona?, diz Alfredo Pinto, da Bain & Co.