A proposta é mais do que audaciosa: dobrar de tamanho. E ao que tudo indica, o grupo Águia Branca não deverá encontrar dificuldades em superar as estradas sinuosas da economia e do crescimento para chegar ao destino – seja no Brasil ou fora. Após registrar faturamento de R$ 7,6 bilhões em 2020, primeiro ano da pandemia, e de R$ 10 bilhões no ano passado, com a retomada em definitivo dos negócios, a holding capixaba espera atingir R$ 15 bilhões até 2025. O plano chamado Reflexão Estratégica inclui crescimento orgânico em todas as divisões do grupo, mas também aquisições e diversificação do portfólio, segmentado em três divisões de negócios: transporte de passageiros, logística e comércio de veículos. “Projetamos alcançar R$ 12 bilhões em 2022, resultado puxado fortemente pela área de comércio de veículos”, afirmou à DINHEIRO Renan Chieppe, presidente do Grupo Águia Branca.

A holding tem como principal negócio o transporte rodoviário de passageiros. São 75 anos de atuação por meio da Viação Águia Branca – depois foram criadas a Águia Flex, braço digital que facilita a compra de passagem, e a Squad, startup que atua com fretamento e possibilidade de compartilhamento de viagens e montagem de roteiros. “Transportamos cerca de 10 milhões de passageiros por ano e atendemos 700 localidades.” As operações abrangem os estados de Espírito Santo, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe.

A divisão de passageiros busca se recuperar da queda acentuada de demanda em 2020 diante do isolamento social resultante da pandemia. “O segmento chegou a ter 85% do movimento paralisado nos primeiros 90 dias de pandemia”, disse o executivo. A estratégia de crescimento inclui a modernização dos ônibus e a busca por eficiência. A frota, que chegou a ter 800 unidades antes da pandemia, tem transportado o mesmo volume de passageiros, mas agora com 650 veículos.

A GIGANTE DO ESPÍRITO SANTO No segmento de logística do grupo, a VIX pode se beneficiar em caso de estímulo aos investimentos, diz Renan Chieppe. (Crédito:Divulgação)

Já as áreas de logística e de comércio de veículos cresceram a partir do fim de 2020, segundo o executivo. O grupo opera no primeiro segmento por meio das empresas VIX, Autoport, V1 e Servicarga. As operações vão de Norte a Sul do Brasil e no Mercosul. O ramo de comércio de veículos representa, em seis estados do Brasil e no Distrito Federal, as marcas BYD, Dodge, Jeep, Mercedes-Benz, Michelin, RAM e Toyota, além da godrive, serviço de carro por assinatura. Em 2021 e 2022, o grupo concluiu aquisições já planejadas, entre elas a Servicarga (logística), a Kyoto (concessionária Toyota no Distrito Federal), a Vitória Motors Jeep Juiz de Fora (Minas Gerais) e revendas BYD (em Vitória e Vila Velha, no Espírito Santo, além de Juiz de Fora e Uberlândia, em Minas).

AGAXTUR A mais recente aquisição foi o controle acionário da Agaxtur, ainda sob avaliação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O Grupo Águia Branca adquiriu 70% do capital da tradicional empresa de viagens e turismo como parte do plano de expansão. Fundada em 1953, a Agaxtur tem sede em São Paulo e se consolidou, a partir dos anos 1970, como uma das operadoras que mais comercializam cruzeiros marítimos no País. “É uma empresa com excelente posição no mercado e muito potencial de expansão em todas as regiões do Brasil”, disse Chieppe. “A ideia é desenvolver a Agaxtur num forte crescimento orgânico.” A empresa de turismo continuará a ser comandada pelo CEO Aldo Leone, que celebrou o negócio. “A retomada do setor de viagens e turismo, com a aquisição de 70% do capital da Agaxtur pelo Grupo Águia Branca, nos deixa muito otimistas, porque alia a força das marcas”, afirmou o executivo.

US$10 bilhões foi a receita da empresa capixaba no ano passado

R$15 bilhões é o esperado até 2025 em faturamento

Quanto ao futuro dos negócios do Grupo Águia Branca, o presidente Renan Chieppe destaca a “clara retomada das demandas no transporte rodoviário de passageiros”. Na logística, ele acredita que quanto maior a estabilidade e o estímulo aos investimentos, melhor a companhia poderá aproveitar as oportunidades. “E no comércio de veículos a expectativa é continuar crescendo por meio de aquisições e com a abertura da nova marca, a BYD.” No entanto, de acordo com ele, melhorar o acesso e, também, baratear o crédito é fundamental para a manutenção do nível de crescimento dos negócios.