O Oriente Médio se livrará em breve dos Estados Unidos e de Israel, afirmou nesta sexta-feira o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, em uma referência às revoltas no Egito e na Tunísia, durante o discurso por ocasião da celebração do 32º aniversário da revolução islâmica de 1979.

“Em breve nós veremos um novo Oriente Médio se materializando sem os Estados Unidos e o regime sionista, e não vai haver espaço para a arrogância mundial nele”, declarou Ahmadinejad à multidão reunida na Praça Azadi (Liberdade), de Teerã.

“Digo aos povos e aos jovens dos países islâmicos e árabes, em particular aos egípcios: permaneçam alerta. Vocês têm o direito de liberdade, de escolher seu governo e seus dirigentes”, completou.

Em referência aos americanos e aos países ocidentais, declarou: “Se querem que os povos confiem em vocês, parem de intervir nos assuntos deles, em particular no Egito e na Tunísia. Depois, livrem a região do regime sionista”.

“O movimento final começou. Estamos em meio a uma revolução mundial guiada pelo bem-amado”, afirmou, em alusão ao imã Mahdi (o “imã escondido”), 12º e último imã do islã xiita.

O imã Mahdi, “oculto” desde o século X, deve regressar um dia a Terra para estabelecer o regime da justiça, segundo o dogma desta facção do Islã minoritário no mundo muçulmano, mas majoritária no Irã.

“Um imenso despertar está ocorrendo, e a mão do imã é visível”, acrescentou. “Os corações e os espíritos estão compreendendo rapidamente a necessidade de um governo (do mundo) assegurado por um homem íntegro”, insistiu, em outra referência à volta do imã Mahdi à Terra.

Ahmadinejad costuma fazer alusões ao retorno deste imã em seus discursos, mas é a primeira vez que vincula a situação internacional e regional a seu regresso.

Pouco antes de seu discurso, reiterou na televisão que as revoltas na Tunísia e no Egito são consequência da revolução iraniana de 1979, uma tese muito mencionada pelos dirigentes iranianos durante as últimas semanas.

“A mensagem da revolução islâmica foi transmitida durante os últimos 32 anos ao mundo e os espíritos e corações despertaram agora”, assegurou.

Ahmadinejad pronunciou seu discurso ante uma multidão reunida na praça Azadi (Liberdade), no centro de Teerã, onde gritavam slogans de apoio às manifestações no Egito e Tunísia, e somavam “morte a Mubarak” aos tradicionais “morte aos Estados Unidos” e “morte a Israel”.

Como todos os anos no aniversário da Revolução Islâmica, milhares de pessoas se mobilizaram em Teerã e exibiram bandeiras iranianas e retratos do imã Khomeini, fundador da República Islâmica, e do aiatolá Ali Khamenei, atual guia supremo, segundo imagens mostradas pela televisão.

Manifestações parecidas ocorreram em todo o país.

Ahmadinejad, como na maioria de seus discursos, também evocou o conflito entre o Irã e as grandes potências a respeito do programa nuclear que preocupada a comunidade internacional.

“As potências tentaram nos impedir de controlar a energia nuclear, mas fracassaram. Controlamos totalmente o ciclo nuclear”, sentenciou.

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