29/06/2011 - 21:00
Em março, a fabricante de produtos de consumo Mundial informou aos investidores que pretendia melhorar sua governança corporativa, migrando para o Nível 1 da Bovespa. De lá para cá, as ações preferenciais da companhia não param de subir. Elas acumulam uma alta de 270% e chegaram a apresentar valorizações de 40% em um único pregão. Essa tendência vem ocorrendo apesar de a companhia ainda não ter divulgado seus resultados de 2010. “Estamos atrasados, pois tivemos de refazer todo o balanço de 2010, mas acredito que vamos divulgar os números até o fim de junho”, diz Michael Lenn Ceitlin, diretor de relações com investidores da empresa.
Ele diz acreditar que a alta é explicada pelas mudanças que a Mundial vem realizando para reduzir seu endividamento com o Fisco. “Estamos passando por uma reestruturação há mais de oito anos, e não se apresenta ninguém para visitar a casa durante uma reforma”, explica. O endividamento fiscal da Mundial hoje está avaliado em R$ 115 milhões, para um faturamento de R$ 500 milhões. A dívida foi “herdada” pela holding em 2003, quando da fusão das empresas Eberle e Zivi-Hércules. A companhia está vendendo terrenos não operacionais. “Já vendemos um lote de R$ 30 milhões e temos mais R$ 85 milhões em imóveis disponíveis para venda”, afirma Ceitlin.
A empresa também vai captar US$ 100 milhões com eurobônus para alongar o perfil da dívida financeira e reduzir os gastos com juros em até R$ 20 milhões por ano. A Mundial também investiu para melhorar sua relação com o mercado, visitando analistas e corretoras e fazendo apresentações para investidores. Segundo Ceitlin, esse movimento agradou aos investidores. Em vez de emitir ações, a companhia desdobrou as existentes, na proporção de quatro para um.
Com tudo isso, ainda vale a pena comprar ações da Mundial? Os analistas não descartam a hipótese de especulação. “A ação tem um valor nominal baixo, o que acaba facilitando a especulação”, diz Pedro Galdi, analista da corretora SLW. Mesmo com todos os esforços da empresa, os profissionais de mercado acreditam que a alta pode não se sustentar. “Rentabilidade no passado não significa rentabilidade no futuro”, diz o educador financeiro Mauro Calil. “Antes de comprar uma ação, o investidor deve buscar informações sobre a companhia e não pode tomar uma decisão baseada em uma alta que já ocorreu.”