Longa de Walter Salles venceu prêmio Goya de melhor filme ibero-americano, feito inédito para o cinema brasileiro. Diretor está nos Estados Unidos em campanha para o Oscar, que acontece 2 de março.O longa brasileiro “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, conquistou mais um importante reconhecimento internacional neste sábado (08/02), com o prêmio de melhor filme ibero-americano no Goya, a principal premiação do cinema espanhol.

É a primeira vez que um filme brasileiro disputa e vence na premiação. Entre os concorrentes na categoria, estavam as produções “Agarra-me Forte”, do Uruguai, “O Jóquei”, da Argentina, “No Lugar da Outra”, do Chile, e “Memórias de Um Corpo que Arde”, coprodução da Costa Rica e da Espanha.

Na reta final da campanha de promoção do filme para o Oscar, onde concorre em três categorias – melhor filme, melhor filme estrangeiro e melhor atriz, para Fernanda Torres – Salles não esteve na premiação.

O cantou e compositor uruguaio Jorge Drexler recebeu a estatueta em nome do diretor. Os dois já trabalharam juntos em “Diários de Motocicleta”, de 2004, parceria que rendeu a Drexler um Oscar de melhor canção original com a música “Al Otro Lado Del Rio”.

O cantor leu uma mensagem escrita por Salles, na qual dedica a vitória ao cinema brasileiro, a Eunice Paiva, personagem central do filme, e sua família, a Fernanda Montenegro e a Fernanda Torres.

“Estou profundamente agradecido à Academia e todos os acadêmicos por essa grande honra. Esse prêmio é muito especial para nós, não só por ser a primeira vez que um filme brasileiro é indicado. É uma grande honra pela admiração que tenho pela cultura ibero-americana como um todo, pela admiração que tenho pelo cinema espanhol e por cineastas que influenciaram minha formação”, destacando o trabalho dos diretores espanhóis Pedro Almodóvar, Fernando Trueba e Arturo Ripstein e da atriz Marisa Paredes, que morreu recentemente.

O musical Emilia Pérez, indicado a 13 categorias do Oscar, ganhou o prêmio de melhor filme europeu no Goya. O musical teve sua divulgação ofuscada por postagens racistas e islamofóbicas que vieram à tona da atriz principal, Karla Sofía Gascón. Ela é a primeira mulher transgênero a ser indicada para o Oscar de melhor atriz e não compareceu à cerimônia na Espanha.

Neste domingo, Salles participa de um debate entre indicados ao Oscar no 40º Festival Internacional de Cinema de Santa Barbara, na Califórnia.

Durante o festival, Fernanda Torres será homenageada com o prêmio Virtuosos, por sua atuação no filme.

O prêmio, entregue anualmente, reconhece “um grupo seleto de talentos cujas performances notáveis em filmes nesta temporada os impulsionaram para a vanguarda da conversa cinematográfica nacional”, diz o site do festival.

No longa de Walter Salles, Fernanda Torres vive o papel da protagonista Eunice Paiva, que nunca mais viu seu marido, o deputado cassado Rubens Paiva, após agentes da ditadura militar irem à sua casa e o levarem para depor. Seu esforço de décadas para ter o assassinato do marido reconhecido, foi narrado por um dos cinco filhos do casal, o escritor Marcelo Rubens Paiva, em livro transformado em roteiro.

Na última semana, “Ainda Estou Aqui” se tornou a produção nacional com a quinta maior bilheteria já registrada no país. Desde seu lançamento, em 7 de novembro de 2024, já arrecadou mais de R$ 85 milhões.

sf (EFE, ots)