17/09/2025 - 7:01
Impulsionada pela busca do brasileiro por uma alimentação mais saudável e pela popularização da air fryer, a demanda por batatas pré-fritas congeladas não para de crescer. Nos últimos seis anos, o mercado brasileiro registrou um crescimento anual de 6,5% e a principal empresa do setor, a Bem Brasil, acredita que há espaço para uma expansão ainda maior.
A companhia faturou R$ 3,8 bilhões em 2024 e tem imprimido um ritmo de crescimento de 9% ao ano. O desempenho colocou a Bem Brasil no topo do ranking nacional com uma fatia de aproximadamente 50% de participação, conforme dados da Kantar, superando a tradicional marca americana McCain.
O CEO da Bem Brasil, Dênio Oliveira, explica que esse desempenho está atrelado a uma mudança de hábito do consumidor. Ao mesmo tempo em que se preocupa com a qualidade de sua alimentação, ele também busca soluções mais práticas na cozinha por falta de tempo.
“Essa mudança acontece porque as pessoas estão buscando praticidade, qualidade e uma alimentação melhor. A batata pré-frita congelada industrial é a mesma que se faz em casa. Além disso, hoje as pessoas moram mais sozinhas, em apartamentos menores e precisam otimizar o tempo na cozinha”, detalha o executivo.
Fábrica de Bem Brasil na cidade de Perdizes (MG)
Um claro sinal dessa mudança de hábito se reflete no perfil das vendas da empresa. Antes da pandemia, 70% da receita da Bem Brasil era proveniente do foodservice, ficando os 30% com o varejo tradicional, com foco no consumidor final. Hoje, a divisão está em 50% para cada lado.
Prioridade para o mercado interno
Apesar da expansão, Oliveira avalia que o mercado doméstico para o setor ainda é “tímido”. Enquanto o brasileiro consome, em média, 4 quilos de batata frita congelada por ano, nos Estados Unidos, o consumo per capita está na casa dos 10 quilos anuais. Já na União Europeia, oscila entre 12 e 14 quilos. Mesmo nossos vizinhos uruguaios têm um consumo duas vezes maior que o do Brasil, com 8 quilos per capita por ano.
Fundada em 2006 e com fábricas nas cidades mineiras de Perdizes e Araxá, a Bem Brasil exporta para países como Estados Unidos, México, Peru, Chile, Paraguai, Uruguai e Vietnã. Contudo, a estratégia da empresa é consolidar e ampliar sua posição no mercado nacional, olhando não apenas para sua atual fatia, mas apostando no crescimento do mercado como um todo.
“Nossa perspectiva é destinar 10% da produção para o mercado externo até 2030, mas a prioridade é atender ao mercado interno. A sobretaxa imposta pelos Estados Unidos nos fez repensar a estratégia de exportação”, conta.
Para dar conta desse crescimento da demanda, a companhia anunciou em 2024 o investimento de R$ 2 bilhões na construção de uma nova fábrica, na cidade de Jaborandi (BA), a 900 quilômetros de Salvador, com potencial de beneficiar 400 mil toneladas de batatas. Recentemente, a Bem Brasil também anunciou a automatização de seu armazém na cidade de Perdizes (MG), após investimento de R$ 45 milhões.
A importância do foodservice
Para suprir sua demanda por matéria-prima, a companhia conta com 22 produtores parceiros que fornecem parte ou a totalidade de sua produção. Segundo Oliveira, os contratos são fechados com duas safras de antecedência para garantir o fornecimento e manter a estabilidade da produção. Só em 2024 foram consumidas aproximadamente 900 mil toneladas de batata in natura.
Ainda que tenha reduzido sua participação na Bem Brasil, o setor de alimentação fora de casa ainda se mantém relevante. Os principais atrativos do produto para este segmento são a padronização e a economia de tempo, o que faz com que 80% dos estabelecimentos comerciais do país já usem a batata congelada em substituição à in natura.
“Quando um restaurante compra batata in natura, há uma grande perda no processo de descascar e cortar. De 1 kg de batata, o aproveitamento final será de 600 a 700 gramas. Com a batata pré-frita, o rendimento é de 100%. Isso sem mencionar a economia de tempo que uma cozinha profissional obtém com essa escolha”, conclui.